A presidente Dilma Rousseff recebe nesta quarta, dia 19, e nesta quinta, dia 20, a chanceler da Alemanha, Angela Merkel, no Brasil. O encontro tem uma extensa agenda, com foco a atração de investimentos para o Brasil. Segundo assessores do governo, Dilma vai apresentar a Merkel possibilidades de investimentos em infraestrutura no âmbito da segunda etapa do Programa de Investimentos em Logística, lançado em junho, na intenção de chamar a atenção de empresas alemãs.
O plano estima R$ 198 bilhões em investimentos na infraestrutura do país, nos próximos anos. Os recursos serão usados em projetos de rodovias, ferrovias, portos e aeroportos. Na visita do primeiro-ministro chinês, Li Keqiang, ao Brasil, e no encontro com o presidente dos Estados Unidos, Barack Obama, Dilma também apresentou o programa e destacou os projetos de infraestrutura, durante as discussões sobre investimentos.
De acordo com o Ministério das Relações Exteriores, a Alemanha é o quarto parceiro comercial do Brasil. Em 2014, o comércio entre os dois países chegou a US$ 20,47 bilhões.
Expectativas
Além de negociações bilaterais, a pauta envolve também discussões sobre importantes temas internacionais, como acordos climáticos e a reforma do Conselho de Segurança da Organização das Nações Unidas (ONU).
Segundo o diretor do Departamento da Europa do Ministério das Relações Exteriores, embaixador Oswaldo Biato Júnior, compõem a delegação alemã os ministros de Relações Exteriores, Agricultura, Saúde, Transportes, Meio Ambiente, Cooperação Econômica e Desenvolvimento, e Cultura, além de cinco vice-ministros: Economia e Energia, Defesa, Educação, Finanças, Trabalho e Assuntos Sociais.
– A expectativa é muito positiva. É uma oportunidade muito importante para criarmos um diálogo muito mais intenso entre os dois governos, muito mais amplo sobre uma série de temas – disse o embaixador.
Para ele, a visita é uma oportunidade também de firmar parcerias em diferentes áreas.
– Vemos isso como uma oportunidade para criar uma parceria estratégica entre os dois países, tratando de temas que vão desde a área econômica, financeira, de investimentos, passando pela área de pesquisa, educação, ciência e tecnologia – completou.
Outros assuntos
No campo global, além da reforma do Conselho de Segurança da ONU, os dois países devem se pronunciar sobre a mudança no clima, tendo em vista a 21ª Conferência das Partes da Convenção-Quadro sobre Mudanças do Clima (COP21), em dezembro, em Paris. Este ano, o Conselho de Direitos Humanos da ONU adotou uma resolução proposta pelo Brasil e pela Alemanha, que cria a relatoria especial sobre o direito à privacidade na era digital. A parceria dos dois países na área se iniciou após virem a tona, em 2013, denúncias de espionagem envolvendo o governo dos Estados Unidos a cidadãos alemães e brasileiros, incluindo Dilma e Merkel.
O encontro vai inaugurar o sistema de Consultas de Alto Nível Brasil-Alemanha, mecanismo que o país europeu desenvolve com outros países, sendo o Brasil o único da América Latina a participar.
Na quinta, dia 20, ministros brasileiros têm reuniões temáticas com ministros alemães.
– A partir desses contatos bilaterais, [os ministros] vão ter uma grande reunião e vão passar em revista sob a coordenação das duas mandatárias todos os resultados iniciais dessa visita, e a nossa expectativa é que, com isso, consigamos começar uma cooperação, um diálogo muito mais avançado do que tínhamos – disse Biato.
Pela manhã, a presidenta Dilma tem encontro particular com a chanceler Merkel no Palácio do Planalto. Segundo o embaixador Oswaldo Biato Júnior, os ministros presentes, brasileiros e alemães, vão debater intenções em comum sobre cooperação em pesquisa nas áreas de biotecnologia e energia renovável, em pesquisas marinhas, estrutura portuária, e em questões que envolvem as chamadas terras raras.
– Temos também uma declaração conjunta de intenções entre o Ministério da Ciência, Tecnologia e Inovação e o Ministério da Educação e Pesquisa, que tem um intuito muito interessante, que é o de viabilizar a cooperação nas chamadas terras raras, que são matérias-primas estratégicas, necessárias para produtos de alta tecnologia, como smartphones – afirmou ele.
Para Biato, os alemães reconhecem a importância do Brasil.
– Os alemães identificam no Brasil aquele país entre os emergentes que estaria mais próximo dos valores europeus, então há um interesse particularmente grande de cultivar o Brasil – completou.