Associações agrícolas europeias estão se mobilizando contra o acordo comercial entre Mercosul e União Europeia. Instituições, como a central dos produtores agrícolas da União Europeia, Copa-Cogeca, divulgaram notas esta semana repudiando a aproximação entre os blocos, sob a alegação de que o acordo oferece risco aos produtores europeus.
As declarações dos representantes foram divulgadas após uma reunião, realizada na segunda-feira, dia 11, em Luxemburgo, com representantes e ministros do setor agrícola europeu, em Luxemburgo.
Em nota, o presidente da Copa-Cogeca, Thomas Magnusson, afirma que um acordo de livre comércio com o Mercosul teria um impacto “catastrófico” para o setor agrícola da União Europeia, especialmente para o de carne bovina. Segundo ele, o setor agropecuário europeu pode perder até 7 bilhões de euros, sendo que o Mercosul já é o principal exportador de commodities agrícolas para o continente, fornecendo 86% das importações de carne bovina e 70% das de aves.
“Portanto, não há necessidade de quotas extras livres de tarifas para aumentar o comércio deles com a União Europeia (…). Além disso, estas importações não atendem aos altos padrões ambientais e de qualidade da UE.”
A Associação de Produtores da Irlanda (IFA, na sigla em inglês) afirmou que a Irlanda deve construir rapidamente uma oposição ao acordo comercial, que inclui produtos sensíveis como a carne bovina. “As perdas individuais para os produtores seriam muito maiores, especialmente para os pecuaristas. Isso teria uma grande consequência para economias rurais, resultando em perdas de emprego.”
Na sexta-feira, dia 8, secretária de Relações Internacionais do Agronegócio do Brasil, Tatiana Palermo, afirmou, durante divulgação da balança do agronegócio de março, que a Comissão Europeia anunciou que a troca de ofertas entre Mercosul e União Europeia deverá ocorrer até a segunda semana de maio. Ela disse que há um consenso no governo, na indústria e em todo o setor privado em relações às negociações com o bloco europeu.
O bloco busca um acordo comercial com a União Europeia, que vem sendo discutido desde 2000, mas cujas negociações chegaram a ser suspensas por seis anos.