Produtores rurais de várias partes do Brasil se reuniram nesta quarta-feira, dia 3, em frente ao Senado Federal para protestar durante a audiência pública realizada em conjunto entre o Senado e a Câmara dos Deputados para discutir soluções para cobrança do Funrural. O debate foi promovido em Brasília pela Frente Parlamentar da Agropecuária (FPA).
Caravanas de diversos lugares do Brasil chegaram à Brasília entre ontem e hoje e, segundo estimativa dos organizadores, o número de manifestantes passa de mil pessoas que continuam concentradas em um acampamento na capital, próximo à Esplanada dos Ministérios.
Depois de atingir a lotação de 500 presentes no auditório Petrônio Portella, onde as comissões de Agricultura da Câmara e do Senado realizaram a audiência pública, os agricultores só eram autorizados pela Polícia Legislativa a entrar se alguém saísse. Como essa limitação, a maioria dos produtores retornou à Praça Portugal, onde o grupo almoçou e acompanhou a audiência pública. A organização instalou caixas de som para transmitir o áudio da reunião. Um grupo menor, de cerca de 20 agricultores, continuou tentando entrar até o início da tarde.
A opinião entre os produtores rurais seguiu dividida entre o pagamento retroativo ou não. O presidente do Sindicato Rural de Maracaju-MS e diretor da Aprosoja Brasil, Juliano Schmaedeck, afirmou que é preciso encontrar um consenso e que o pedido de anistia total das dívidas não cabe em um momento de ajuste fiscal e rombo nas contas públicas. Ele defende o pagamento parcelado e abatimento de juros e multas.
Já o pecuarista Ermírio José Soares, que viajou 24 horas de ônibus de Xinguara, no Pará, ressaltou a necessidade de fortalecer o movimento pela extinção do Funrural e também se diz “contra a alta carga de impostos que o campo paga”.
O pecuarista diz que cria gado no Pará desde a década de 1980 e nunca havia ouvido falar da taxação. “Fiquei sabendo desse Funrural agora. Nunca paguei e vendo para grandes frigoríficos, onde nunca foi cobrado. Se cobrar essa dívida, 90% dos produtores vão demitir os funcionário e quebrar, gerando um impacto catastrófico”, disse.
Já o produtor de arroz e soja Silvio Czapliski viajou mais de 2 mil quilômetros, de Tapes (RS) até Brasília, para defender a sua posição. Ele questiona a interferência política no setor e a insegurança jurídica e econômica que esse tipo de decisão gera.
Solução deve sair até o dia 16
De acordo com Sérgio Souza, o governo cogitou apenas refinanciar a dívida e não esperava a proposta de redução da alíquota daqui para frente, como sugeriu a Frente Parlamentar da Agropecuária (FPA).
O presidente da FPA, deputado federal Nilson Leitão (PSDB/MT), não detalha a proposta que está em andamento no governo, mas explica que a ideia inicial, de pagar uma taxa de 0,25% sobre a comercialização bruta ou 1% sobre a folha de pagamento, com percentuais extras para quem está em dívida com o Funrural, não é mais a única possibilidade cogitada pelos ruralistas. Segundo ele, há uma série de negociações na mesa do governo, mas o pagamento vai ter que ser feito, mesmo que de forma que não pese no bolso do produtor.