Em seu sítio no município de Espera Feliz, em Minas Gerais, o casal Cristiano da Silva Magro e Cleidiane Leal Vilete Magro trabalha do nascer ao pôr do sol para produzir, com suas próprias mãos, o café que chega diariamente à mesa de milhares de brasileiros.
Produtores rurais vivendo da agricultura familiar há aproximadamente 20 anos, eles resolveram, em 2021, aprimorar o manejo de sua terra. “Naquela época, nossa filha Heloísa se interessou em produzir café especial, o que nos fez buscar ajuda do Sistema Faemg [Federação da Agricultura e Pecuária do Estado de Minas Gerais] para aprender a desenvolver um café com mais qualidade”, conta Cleidiane. “Foi aí que conhecemos o Programa de Assistência Técnica e Gerencial [ATeG]. Vimos que o programa poderia nos passar o conhecimento necessário para aumentar a qualidade do nosso café e, também, para melhorar a parte gerencial do nosso sítio”.
A família começou a receber visitas periódicas de técnicos do ATeG e, nesses encontros, ganhou orientações sobre como aperfeiçoar todo o processo de administração e produtividade de sua terra.
“Primeiramente, o programa nos ensinou a identificar e eliminar gastos desnecessários no nosso dia a dia no campo. Depois, entendemos exatamente qual é nosso custo de produção e como avaliar o custo- benefício de possíveis investimentos. Então, focamos no aperfeiçoamento da qualidade do café, adotando manejos mais adequados na lavoura e mais cuidado no pós-colheita. E, finalmente, aprendemos a superar as dificuldades que tínhamos na parte da comercialização, buscando novas parcerias e novos mercados. Tudo funcionou como uma engrenagem, com uma coisa puxando a outra”, conta Cleidiane.
A produtora relata que, antes da capacitação proporcionada pelo ATeG, apenas 10% do café produzido no sítio era considerado de alta qualidade. Atualmente, cerca de 90% do café que sai da propriedade tem alta qualidade.
“Hoje, estamos com capacidade para produzir cerca de 60 sacas de café a mais por ano. E esperamos um aumento maior para a safra de 2023”, diz ela.
A capacidade produtiva atual da família é de 250 sacas de café por ano: parte dela é voltada para a venda do café in natura, muito adquirido por cafeterias. E eles também realizam a comercialização do grão torrado, sob uma marca própria, chamada Maria Helô.
“Junto com a melhoria na produtividade, o ATeG nos ajudou a ter uma propriedade mais limpa e organizada, com um maior respeito ao meio ambiente”, afirma Cleidiane.
“Além disso, decidimos incluir toda a família na gestão do sítio. Hoje, todas as decisões são tomadas em comum acordo entre nós e nossas filhas, que têm voz ativa na propriedade e já se imaginam assumindo essa terra daqui a alguns anos. E, falando do futuro, temos planos para começar a receber turistas em nossa propriedade e buscar certificações para o nosso café. Para colocar tudo isso em prática, seguiremos contando com o Sistema Faemg, que já mudou nossas vidas e que, espero, continue fazendo a diferença para a gente”.
Mais de 17 mil produtores rurais atendidos
Gerente de Assistência Técnica e Gerencial do Sistema Faemg, Bruno Rocha lembra que o ATeG foi criado em 2013 pelo Serviço Nacional de Aprendizagem Rural (Senar), para levar aos produtores rurais assistência em gestão de propriedade e técnicas de produção.
“Em Minas Gerais, o programa começou a ser implementado em 2016, sendo direcionado a pequenos e médios produtores rurais que nunca haviam recebido assistência técnica e gerencial de maneira regular”, diz o gerente.
“Com um acompanhamento mensal, por um período de dois a quatro anos, o ATeG tem contribuído para desenvolver e capacitar esses profissionais do campo, com uma cobertura que abrange as principais cadeias produtivas de Minas, como apicultura, avicultura, bovinocultura de corte, bovinocultura de leite, caprinocultura, cafeicultura, fruticultura, olericultura, ovinocultura, piscicultura e agroindústria artesanal”, descreve Rocha.
“No processo, são realizados diagnósticos produtivos individualizados, planejamentos estratégicos, adequações tecnológicas, avaliações sistemáticas dos resultados e bonificações por meritocracia, sempre com o intuito de motivar o produtor e fortalecer o desenvolvimento da sua atividade produtiva”.
Em tempos de notícias sobre insegurança alimentar em todo o mundo, o ATeG tem cumprido o papel fundamental de aumentar a produtividade no campo e garantir que comida de qualidade chegue à casa dos brasileiros.
“Já ultrapassamos 17 mil produtores rurais atendidos pelo ATeG. E nossa meta é chegar a 20 mil produtores assistidos ainda este ano”, diz o gerente de Assistência Técnica e Gerencial do Sistema Faemg.
“Em grupos da bovinocultura de leite atendidos em 2021, por exemplo, constatamos um aumento médio de produção de leite de 16%. Além disso, foi possível aferir um aumento médio de mais do que o dobro da margem líquida da atividade (reais por hectare) que obtinham antes da chegada do programa ATeG, fruto de um controle de custos mais assertivo associado à elevação das receitas das propriedades assistidas. Isso demonstra o quanto um acompanhamento especializado pode fazer diferença na vida dos produtores rurais”.
Outras ações do Sistema Faemg
A Faemg cumpre sua missão de trabalhar em prol dos produtores rurais mineiros há nada menos do que 71 anos, em um estado em que o agronegócio é responsável por 22% do PIB.
Desde o final de 2021, o Sistema Faemg está sob a gestão do presidente Antônio de Salvo, que vem liderando uma série de projetos voltados para uma maior aproximação com o produtor rural mineiro e para a defesa de seus interesses junto aos órgãos governamentais.
“Um importante resultado já obtido nesse sentido foi a vinda de 300 presidentes de sindicatos de produtores rurais até nossa sede, em Belo Horizonte, por meio do projeto Redescobrir”, afirma o presidente da entidade. “Durante cinco encontros presenciais, tivemos a chance de apresentar a casa e os serviços oferecidos aos produtores rurais de todo o estado, promover compartilhamento de informações e integração, além de abordar os desafios e oportunidades de cada região de Minas Gerais, sempre com foco no fortalecimento do setor”.
Antônio de Salvo afirma que outra conquista de sua gestão é a relevância conferida às comissões técnicas que representam as principais cadeias produtivas do estado, especialmente às cadeias da cana-de-açúcar e florestas plantadas.
“Tivemos também a mobilização Ajuda Minas, que atraiu a atenção de representantes do poder público para a implementação de medidas emergenciais de recuperação do setor atingido pelas chuvas do início do ano, além do SuperAção Brumadinho, que levou o Programa de Assistência Técnica e Gerencial [ATeG] aos afetados pelo rompimento da barragem de Brumadinho, proporcionando recuperação da renda e resgate social”, finaliza o presidente.
O Sistema Faemg também está realizando uma grande campanha pelo Dia do Produtor Rural Mineiro (comemorado em 7 de julho), na qual tem feito diversas homenagens a esta figura central no desenvolvimento econômico de Minas Gerais e do Brasil.