Apenas seis estados vão conseguir apagar neste ano os estragos causados pela recessão econômica. Levantamento feito pela Tendências Consultoria Integrada mostra que Pará, Roraima, Mato Grosso, Santa Catarina, Rondônia e Mato Grosso do Sul serão os únicos a superar o Produto Interno Bruto (PIB) registrado em 2014, quando o país entrou na pior recessão da história.
O desempenho, puxado pela iniciativa privada, deve dar um pouco de fôlego aos novos governadores, que terão de cortar gastos e reduzir a folha de pagamento para se enquadrar na Lei de Responsabilidade Fiscal (LRF). Quase todos estão com as despesas de pessoal acima do limite de 60% e enfrentam dificuldade para pagar servidores. Mas, com crescimento maior, a arrecadação tende a aumentar e dar ligeira folga aos cofres públicos.
Nos demais 20 estados e no Distrito Federal, os novos governadores não vão ter o mesmo alívio. Pelo levantamento, eles terão crescimento abaixo da média nacional e não conseguirão voltar ao nível pré-crise. Alagoas, Maranhão e Sergipe são os que estão mais distantes do patamar de PIB registrado em 2014. “Em vários locais, esse nível só deverá ser alcançado em 2020 ou 2021”, diz o economista da Tendências, Adriano Pitoli, responsável pelo levantamento Cenários Regionais 2019-2023.
Ele explica que, no caso dos seis estados, a economia foi impulsionada pelo bom desempenho do agronegócio, pela maior exposição ao mercado internacional e pela maturação de projetos de mineração, como o da Vale, no Pará.
Há ainda aspectos inusitados que devem ter impacto no PIB, diz Pitoli. É o caso do crescimento do número de imigrantes venezuelanos em Roraima – que esteve sob intervenção federal até 31 de dezembro. “Mesmo que de forma atabalhoada, há um movimento maior da economia, com mais pessoas buscando ocupação e suporte do governo federal.”
Mato Grosso e Mato Grosso do Sul serão influenciados pela expectativa de safra recorde de soja em 2019. A agricultura também reforçará a economia de Rondônia. “Em Santa Catarina, o dólar favorável vai ajudar a indústria de carne e metalurgia”, diz o economista.
Pelos dados da Tendências, em 2017 e 2018, esses estados já tiveram um desempenho acima da média nacional. E devem continuar assim neste ano. Em termos regionais, o Norte terá o maior avanço do PIB em 2019, por causa da recuperação de algumas áreas, como a indústria eletroeletrônica do Amazonas, muito sensível ao ciclo econômico. Junto com o Nordeste, a região foi uma das que mais sofreram com a recessão econômica.
“Temos uma recuperação econômica lenta e fraca, especialmente por causa das incertezas em relação às reformas que precisam ser feitas no Brasil”, afirma o economista do Itaú Unibanco Artur Passos.