ESTRATÉGIA

Tambaqui: pesquisa otimiza tratamento de parasitas e reduz impacto ambiental

Ração com medicamento revestida com polímero eleva eficácia do produto e preserva qualidade da água

Ração medicada; tambaqui adulto
Foto: Felipe Rosa/Embrapa

Pesquisadores da Unicamp e da Embrapa conduziram um estudo visando minimizar os impactos ambientais e maximizar a eficácia no tratamento de parasitas em tambaquis, peixes amazônicos de importância econômica.

A pesquisa, realizada em Manaus, no Amazonas, concentrou-se em revestir com o polímero etilcelulose a ração com adição de albendazol, estudando seu efeito na redução de perdas do medicamento.

O albendazol tem demostrado eficicência no controle de um verme (Neoechinorhynchus buttnerae) que parasita o intestino dos tambaquis. Após 34 dias de tratamento, a eficácia do fármaco foi de 34% nos peixes alimentados com ração não revestida e de 66% nos alimentados com ração revestida.

De acordo com Claudio Jonsson, pesquisador da Embrapa Meio Ambiente, a lixiviação, na água, de medicamentos provenientes de rações medicadas é uma preocupação ambiental significativa.

Vários trabalhos relatam o problema a respeito do albendazol, um anti-helmíntico – medicamento que controla vermes, que atacam peixes e anfíbios, além de outros animais. Entretanto, seu uso pode representar riscos tanto para o meio ambiente, quanto para a saúde humana quando utilizado indiscriminadamente.

Análise em centenas de tambaquis

O estudo, aprovado pelos órgãos reguladores competentes, envolveu a análise de 340 tambaquis, adquiridos de duas pisciculturas, sendo uma com histórico de acantocefalose (infestação de vermes) e outra sem esse histórico.

A prevalência do parasita N. buttnerae foi de 100% nos peixes do primeiro grupo, evidenciando a necessidade de tratamento. Os peixes foram alimentados com ração medicada contendo albendazol, sendo parte dela revestida com etilcelulose. 

A bioacumulação de albendazol nos tecidos comestíveis dos tambaquis não foi afetada pelo revestimento com etilcelulose, mostrando-se uma opção viável para reduzir a lixiviação do fármaco sem comprometer sua eficácia no tratamento dos parasitas.

Jonsson destaca que os resultados sugerem que o revestimento de ração medicada pode ser uma estratégia eficaz para mitigar os impactos ambientais associados ao uso de medicamentos na aquicultura, ao mesmo tempo em que mantém a eficácia no controle de parasitas.

“Este estudo destaca a importância da pesquisa contínua na busca por soluções sustentáveis para os desafios enfrentados pela aquicultura”, acredita o pesquisador.


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