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Recursos para custeio em 2016/2017 devem aumentar para R$ 122 bilhões

Segundo consultoria, o porcentual de uso de capital próprio deve crescer na temporada. Situação de produtores em MT preocupa, pois eles teriam usado mais recursos do que conseguiram lucrar 

Fonte: Camila Fredi / Arquivo Pessoal

O volume de recursos demandados para custeio da safra 2016/2017 deve ser de aproximadamente R$ 122 bilhões, disse nesta quinta-feira, dia 25, o sócio da consultoria Agroconsult André Pessôa, durante evento em São Paulo sobre o mercado de capitais e o agronegócio. O montante é superior aos R$ 106,9 bilhões previstos para custeio da safra atual.

“O uso de capital próprio no ciclo 2015/2016 deve chegar a 38% do total, ante 34% na safra 2014/2015. Enquanto isso, a participação do crédito oficial vai alcançar 31% em relação ao total de recursos, menos que os 38% da safra 2014/2015”, disse Pessôa durante apresentação. Para a temporada 2016/2017, a previsão é de que o porcentual do capital próprio aumente de 38% do total de recursos necessários para 39%, ou seja, dos R$ 40,4 bilhões despendidos em 2015/16 para R$ 49,8 bilhões em 2016/2017. 

Outros R$ 38,4 bilhões (31%) serão provenientes de crédito rural que, nas estimativas de Pessôa, manterá o mesmo peso no financiamento verificado na temporada 2015/16. Recursos provenientes de outras fontes, dentre os quais produtos do mercado de capitais, devem perfazer 28% do total em 2016/17 e somar R$ 34,7 bilhões. 

Mato Grosso em alerta

A situação de produtores de Mato Grosso, apontou Pessôa, demanda atenção, já que, na temporada atual, estima-se que eles tiveram de utilizar mais do que lucraram para custear a produção. “Os produtores usaram suas reservas e sacrificaram lucros para custear a safra 2015/16. Foi possível rodar esta temporada, mas não foi tranquilo”, afirmou o sócio da Agroconsult. Assim, os produtores utilizaram 100% do lucro, mais 26%, nos cálculos do consultor. No ciclo 2016/17, a projeção feita é de que o Estado demande entre R$ 32 bilhões e R$ 34 bilhões para o custeio, ante R$ 29,2 bilhões desta safra. 

Pessôa ainda recordou que a aplicação de fertilizantes e defensivos recuou em 2015 e que o mercado de máquinas agrícolas estagnou. “A redução do uso de tecnologia foi um dos fatores que permitiram rodar a safra”, complementou. 

Em 2016/17, a participação dos recursos próprios de produtores mato-grossenses pode chegar a 45% (ante 44% em 2015/16), totalizando R$ 15,4 bilhões. O crédito rural será responsável, na estimativa da consultoria, por 15% dos recursos (abaixo dos 17% na temporada atual) e outras fontes de financiamento contribuirão com 35% do dinheiro para custeio (ante 39% em 2015/16). Há previsão de que, novamente, os produtores cheguem a usar até 100% dos lucros para custear a produção do ciclo 2016/17. 

Ainda pelas projeções da Agroconsult, a área cultivada no Estado vai crescer pouco mais de 100 mil hectares em 2016/17, menos que a área adicional cultivada na temporada atual, de cerca de 200 mil hectares, e bem abaixo do avanço verificado em anos anteriores, entre 500 mil e 600 mil hectares, segundo Pessoa. “Para crescer esses 100 mil e pouco hectares, o problema está nas ‘outras fontes’. Como o setor encontra e acessa esses recursos?”, questionou. 

Em 2020, a perspectiva da Agroconsult é de que a demanda por recursos para custeio de Mato Grosso chegue a R$ 48 bilhões. Naquele ano, o volume de recursos provenientes de outras fontes (que não o crédito rural ou reservas de produtores) necessário para custeio da safra deve chegar a R$ 20,3 bilhões. “Se consideramos que as outras fontes mantenham sua participação no custeio, precisaremos ir atrás de uns R$ 17 bilhões só para Mato Grosso”, alertou Pessôa. 

Ele não apontou quais seriam estas alternativas. Durante o evento, empresas e fundos fizeram apresentações de mecanismos de captação de recursos já disponíveis no mercado e com potencial para aumentar sua participação no financiamento do setor, como os Certificados de Recebíveis do Agronegócio (CRA) e recursos de fundos de private equity

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