O economista da Fundação Getulio Vargas (FGV), André Braz, diz que a redução de 3,5% no preço do diesel, anunciada nesta quinta-feira (4), pela Petrobras, terá impacto ‘modesto’ na inflação.
A companhia informou que o preço do insumo em suas refinarias vai cair R$ 0,20 centavos, para R$ 5,41.
Diferente da gasolina, reajustes no diesel têm pouco impacto direto no índice de preços ao consumidor amplo (IPCA), a inflação oficial do Brasil.
O maior efeito, diz Braz, é indireto, na formação dos preços do frete, transporte público e energia.
“O impacto é modesto. A parcela indireta, no frete, transportes e energia, é maior. Quedas no preço do diesel podem evitar novos aumentos nesses serviços. Mas isso é difícil de medir”, diz Braz.
Diretamente, o reajuste anunciado nesta quinta vai contribuir com uma redução de apenas 0,01 ponto porcentual (p.p.) no IPCA em 30 dias, diz Braz. Esse efeito será concentrado, portanto, no índice de agosto.
Para efeito de comparação, o impacto dos dois últimos reajustes para baixo no preço do litro da gasolina da Petrobras, que caiu mais de 8% no total, deve ser uma redução entre 0,15 p.p. e 0,20 p.p. no IPCA de agosto. Ou seja, um impacto direto na inflação até 20 vezes maior que o da redução do diesel.
De acordo com Braz, a redução nos preços dos combustíveis abre espaço para um novo mês de “inflação muito baixa”, com potencial para reduzir as projeções do índice de 0,30% para algo próximo de 0,10%.
Ainda assim, diz ele, as reduções no preço dos combustíveis não devem modificar de forma significativa a percepção da inflação da população, sobretudo de baixa renda, que não têm gasolina e diesel em sua cesta de consumo. “O que pesa na inflação dos mais pobres são os alimentos, com alta na casa dos 14% em 12 meses”, afirma.