Morreu na manhã desta sexta-feira, dia 5, o agrônomo e produtor orgânico Yoshio Tsuzuki considerado, ao lado de Ana Maria Primavesi, um dos grandes nomes da agroecologia. Filho caçula de Masao e Tsune Tsuzuki, Yoshio nasceu em 1929 na província de Ehime, no Japão. Formou-se agrônomo na Faculdade de Agronomia da Universidade da Província de Osaka e veio para o Brasil a convite de seu tio, Tojio Tsuzuki, em 1953.
No novo país fez estágio na fazenda de um primo em Presidente Prudente (SP) quando, em 1953, começou a trabalhar na Cooperativa Agrícola de Cotia (CAC). Sua carreira prosseguiu como vendedor de agrotóxico pela Bayer entre 1959 e 1963, até que resolveu abrir sua própria empresa de defensivos agrícolas.
No fim da década de 1960, Tsuzuki percebeu o surgimento de diversas pragas não elimináveis com inseticidas e fungicidas e acabou mudando o conceito para a agricultura natural, investindo, em São Paulo, na Technes Agrícola Ltda.
Nesta primeira fase da nova empresa ele focou no desenvolvimento de tecnologias que visam à melhoria do solo e equilíbrio da planta. Sua experiência trabalhando com agroquímico lhe mostrou, segundo a sua visão, que a prática de aplicação do chamado defensivo provoca desequilíbrios e aumentam as doenças, criando resistências por parte das pragas.
Na biografia Ana Primavesi, histórias de vida de agroecologia, escrita por Virgínia Knabben, há um capítulo inteiro dedicado a Tsuzuki. Um trecho do livro foi publicado nesta sexta pela página oficial de Primavesi no Facebook em homenagem ao amigo e relembra como o agrônomo vivenciou bem os dois lados das práticas agrícolas. “Quem fazia tudo direitinho e não precisava usar tanto veneno, mas só um pouquinho, acabava comprando e usando sempre a mais para bater a meta de vendas e obter descontos”, conta ele no livro, lembrando-se da época em que trabalhava com defensivos.
“Em 1968, apareceu a ferrugem do café e o governo obrigou os agricultores a usar cobre na plantação. ‘Vendi muito. Mas naquele tempo eu já sentia, percebia, que o agrotóxico não ia combater até o final as doenças e pragas, porque andando no campo a gente via cada vez mais insetos resistentes aos agrotóxicos. O acaricida não matava mais os ácaros e várias pragas que eu não conhecia apareciam. Muitas doenças não se curavam mais com fungicidas. E aí eu pensei que aquilo estava errado, que eu estava há muitos anos errado, vendendo agrotóxicos. Então, em um ano, liquidei todas as firmas e comecei a minha segunda vida’”.
Nesta sua segunda etapa, Tsuzuki ajudou a criar a Associação de Agricultura Orgânica (AAO) e passou a oferecer cursos práticos de horticultura orgânica em sua propriedade.
Yoshio Tsuzuki deixou seis filhos. Em comunicado, uma das filhas, Masayuki Tsuzuki, informou que o velório foi realizado até as 10h desta sexta no cemitério Crematório Horto da Paz, em Itapecerica da Serra. A causa da morte não foi divulgada pela família.