A remuneração do produtor rural deve cair com a saída definitiva de Dilma Rousseff da Presidência. A conclusão é da consultoria Agrosecurity, que aponta que o cenário de baixa para as commodities agrícolas no exterior e a expectativa de entrada de dólares no Brasil podem colocar uma pressão baixista para os preços internos.
O analista de mercado Fernando Pimentel afirma que a primeira etapa do governo de Michel Temer não foi boa aos olhos do mercado, porque o ajuste fiscal não evoluiu. A tendência é que, com o impeachment de Dilma, o mercado dê tempo ao novo governo para realizar os ajustes necessários.
“No geral, o cenário é de aumento de credibilidade no país e maior atratividade de capital estrangeiro. A Europa possui atualmente taxas negativas e, se não houver um aumento nos juros dos Estados Unidos, o dólar aqui no Brasil vai ficar mais baixo e consequentemente afetar a renda do produtor rural”, afirma Pimentel.
O consultor estima ainda que, se Temer apresentar as reformas necessárias, o dólar pode cair para níveis abaixo de R$ 3. “Isso prejudica o produtor que ainda não fez as trocas. O pequeno e médio produtor que tem os passivos em reais junto aos bancos oficiais são os que mais vão sofrer”, diz.
A consultoria estima tanto os preços da soja como os do milho em queda no mercado interno. “A safra americana está evoluindo muito bem e já está sendo calculada em até 112 milhões de toneladas. O milho está com uma perspectiva de produção de 376 milhões de toneladas e isso significa preços em queda em Chicago. Esse fato aliado ao câmbio baixo pode culminar em um preço ao produtor baixo nos próximos meses”, afirma.