A Organização das Nações Unidas (ONU) escolheu 2021 para ser o ano internacional das frutas e hortaliças. O ato simbólico abre discussão para a importância desse grupo de alimentos para nutrição humana e para a segurança alimentar do planeta. Enquanto cerca de 1 bilhão de pessoas passam fome no mundo, 55% de toda a produção de frutas e legumes tem como destino o lixo. Nesta quarta, 4, a Confederação da Agricultura e Pecuária do Brasil (CNA), organizou um seminário para abordar o tema.
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O seminário ‘Frutas e hortaliças, por que comer mais?’ Contou com a participação do representante da FAO no Brasil, Gustavo Chianca, que falou sobre a importância das frutas e legumes para a nutrição.
“Dados recentes da Unicef mostram que 41% dos jovens em idade escolar deixaram de consumir o que eles consumiam no período de pandemia em relação a frutas e legumes. Isso é grave”.
Segundo Israel Castilho, oficial de nutrição da FAO, hoje mais de 811 milhões de pessoas passam fome no mundo. A pandemia fez o mundo retroagir a patamares de 20 anos atrás no quadro da segurança alimentar. No Brasil, os casos de segurança alimentar grave, aumentaram de 1,6% para 3,5% da população, o que equivale mais de 7,5 milhões de pessoas. São brasileiros que passam fome e ficam até alguns dias sem comer. Se somarmos os casos de segurança alimentar moderada, aquelas pessoas que são obrigadas a reduzir a quantidade de alimentos por questões financeiras, o número é bem maior.
“Na condição moderada e grave, a situação de insegurança alimentar no Brasil está em 23,5% o que equivale a quase 50 milhões de pessoas que estão em situação de insegurança alimentar grave ou moderada”, diz Castilho.
Ainda segundo o represente da FAO, outro dado preocupante é a quantidade de alimentos desperdiçados. “Precisamente as frutas e hortaliças, 55% da produção termina no lixo como desperdício. É o percentual mais alto entre os grupos de alimentos do mundo”, complementa.
Hábitos alimentares do brasileiro
O gerente de pesquisas do IBGE, André Martins apresentou gráficos que mostram os hábitos alimentares dos brasileiros. Por ordem de preferência estão café, arroz, feijão, pães, óleos, gorduras e carne bovina. Sucos aparecem na sétima posição, salada crua na nova colocação e a primeira fruta mencionada na pesquisa é a banana decima terceira colocada, atrás ainda de refrigerantes e biscoitos. Segundo o estudo, o consumo tem relação também com poder aquisitivo.
“Para as pessoas com rendimentos mais altos você vai ter hortaliças e frutas com uma condição muito mais disponível. Já as famílias de menores rendimentos vão estar baseadas no consumo de cereais, leguminosas e farinhas”, destaca Martins.
Para a coordenadora do projeto Hortifruti Brasil, Margarete Bodeon, cinco motivos explicam o consumo ainda pequeno de frutas, hortaliças e legumes no país.
“Eu acredito que a renda é uma questão importante para disponibilidade e acesso. Também devemos lembrar que a cadeia de distribuição faz toda a diferença, além de hábitos e culturas. Temos ainda a falta de conhecimento assim com a fragilidade da cadeia de comércio”, pontua.
“Chegou a hora de fazer um esforço não só para que nossa população consuma mais frutas, mas que também a gente ocupe um lugar de destaque na exportação de frutas. O que nós produzimos hoje e o que nós exportamos ainda é muito insignificante. A importância de fruta no mundo não só na balança comercial, mas também na subsistência e na sustentabilidade, hoje é vital em qualquer lugar no mundo”, afirma o presidente da CNA João Martins.