Ricardo Salles foi exonerado nesta quarta-feira, 23, do cargo de Ministro de Estado do Meio Ambiente. Segundo decreto presidencial publicado no Diário Oficial da União, a exoneração foi feita a pedido de Salles. O decreto também informa que seu substituto é Joaquim Alvaro Pereira Leite.
Leite deixa a secretaria da Amazônia e Serviços Ambientais para comandar a pasta. Entre os anos de 1996 e 2019, ele foi conselheiro na Sociedade Rural Brasileira (SRB).
Em entrevista coletiva à imprensa nesta quarta, em Brasília, Salles afirmou que sempre seguiu as orientações do presidente Jair Bolsonaro enquanto esteve à frente do ministério. “Orientação esta de equilíbrio entre desenvolvimento econômico e preservação do meio ambiente. Tivemos cuidado com todos os aspectos daquele ministério, e com respeito também ao setor privado, ao agronegócio, ao produtor rural brasileiro, aos empresários de todos os setores”, disse.
Salles foi elogiado pelo presidente Jair Bolsonaro nesta terça-feira, 22, durante o anúncio do Plano Safra 2021/2022. Ele ocupava o cargo desde o início do mandato de Bolsonaro, em 2019.
O agora ex-ministro é investigado em dois inquéritos no Supremo Tribunal Federal (STF). No mês passado, por decisão do ministro Alexandre de Moraes, do STF, Salles foi alvo de mandados de busca e apreensão e teve seus sigilos bancário e fiscal quebrados, no âmbito da Operação Akuanduba, deflagrada pela Polícia Federal (PF). O órgão apura crimes de corrupção, advocacia administrativa, prevaricação e facilitação de contrabando, praticados por agentes públicos e empresários.
A suspeita é da existência de um esquema internacional de exportação ilegal de madeira. Além do agora ex-ministro, outras 17 pessoas são investigadas. Na época, o STF também determinou o afastamento de Eduardo Bim do cargo de presidente do Instituto Brasileiro do Meio Ambiente e dos Recursos Naturais Renováveis (Ibama).
Motivos da saída de Salles
No pronunciamento à imprensa, no Palácio do Planalto, Ricardo Salles afirmou que está ocorrendo no país um processo de “criminalização” de opiniões divergentes sobre a questão ambiental e, por isso, ele estava abrindo espaço para maior diálogo.
“Eu entendo que o Brasil, ao longo desse ano e no ano que vem, na inserção internacional e também na agenda nacional, precisa ter uma união muito forte de interesses, de anseios e de esforços. E para que isso se faça da maneira mais serena possível, eu apresentei ao senhor presidente o meu pedido de exoneração, que foi atendido e eu serei substituído pelo secretário Joaquim Álvaro Pereira Leite, que também tem muita experiência e conhece todos esses assuntos”, afirmou.