Para iniciar na função basta pegar uma arma e sair atirando? Não! O controle só pode ser feito após uma série registros, muitas vezes custosos.
Também são realizados testes para saber se o controlador está apto. Um exemplo é a prova teórica aplicada para tirar o Certificado de Registro do Exército, capaz de “pegar no pulo” alguns interessados mais desinformados. Prova disso é que, em determinado momento, a reportagem do Canal Rural flagrou um erro na prova do verdadeiro ou falso. O instrutor perguntou: “para se certificar de que a arma está carregada, o atirador deve olhar para dentro do ano e apertar o gatilho?”. Houve quem respondeu “verdadeiro” em um primeiro momento, sendo prontamente corrigido pelos demais.
Assim, antes da caçada, aconteceu o 1º Encontro de Controladores de Javalis de Itápolis. Cerca de 100 pessoas foram ao evento realizado para conseguir o Certificado de Registro (CR) oferecido pelo Exército. O documento é obrigatório para o uso de arma de fogo no controle dos javalis e, ao fazer o requerimento, é possível escolher entre três opções: guia de caçador, atirador e colecionador. No caso do controle de animais silvestres como o javali, a primeira opção é a mais indicada.
“Você consegue ter registro de doze armas, sendo oito delas restritas e outras quatro permitidas, e você pode tirar as guias de tráfego. Com isso, você pode transportar essas armas para exercer a atividade de caça nas fazendas onde você tem autorização. Não é um porte, pois, neste caso, nós podemos transitar com a arma sem estar carregada, sem munição”, disse o despachante e um dos nomes mais conhecidos no mundo do controle do animal, Mário Knichalla Neto.
O produtor rural José Fausto de Lima participou do evento e disse que a região onde mora, em Agudos (SP), tem enfrentado frequentes ataques de javalis. “Nós produzimos muita cana-de-açúcar na região e eles atacam algumas propriedades, estragando a lavoura de cana e também de milho”, disse.
Para dar entrada no Certificado de Registro do Exército, o candidato deve ser filiado a algum clube de tiro, realizar a prova teórica e prática de manuseio de arma e ser aprovado no laudo psicotécnico. Essas etapas demoram, em média, duas semanas. No evento, porém, este processo foi feito em um dia.
“O candidato ao manuseio da arma precisa procurar um psicólogo credenciado da Polícia Federal, pois esses profissionais estão capacitados a fazer uma avaliação e definir se a pessoa está apta a manusear uma arma. É feita uma avaliação psicológica para definir as habilidades cognitivas, personalidade, que são questões importantes para autorizar o manuseio da arma”, disse o psicólogo credenciado na Polícia Federal Odorico de Almeida Leão.
Após essas etapas, o candidato precisa pagar as guias e enviar toda a documentação para o Exército, que tem até noventa dias para responder ao pedido. Além disso, o candidato precisa realizar um cadastro técnico federal no site do Ibama, declarando a intenção de manejo da fauna exótica de invasores e as autorizações de todas as propriedades.
“A cada três meses você precisa fazer um relatório informando os animais que foram abatidos, peso e local. Essas informações podem ser muito úteis para mensurar se está aumentando, diminuindo e onde tem mais infestação”, declarou Knichalla.
Segundo o Ibama, desde 2013 foram realizado 15 mil cadastros técnicos e informados cinco mil abates. A multa para quem for pego praticando a caça de forma irregular é de R$ 500 por animal e o infrator pode ser preso. O órgão diz ainda que está previsto para o primeiro trimestre de 2017 o lançamento do plano nacional de controle de javalis, que tem como objetivo reduzir os impactos causados pelos animais na produção agrícola.