Janeiro de 2024 foi o mais quente já registrado na história. A temperatura média do ar na superfície foi de 13,14 °C, um índice 0,7 °C acima da média dos meses de janeiro entre 1991 e 2020. Usando a comparação de outro período com referência da época pré-industrial, que vai de 1850 a 1900, a anomalia é muito maior: 1,6 °C, superando o que foi combinado no Acordo de Paris, assinado em dezembro de 2015, por diversos países. Na ocasião, o documento estabeleceu como meta um limite de aquecimento a 1,5 °C.
- Confira na palma da mão informações quentes sobre agricultura, pecuária, economia e previsão do tempo: siga o Canal Rural no WhatsApp!
Os dados registrados pelos principais institutos de pesquisa em meteorologia são alarmantes. Janeiro é o oitavo mês consecutivo a quebrar recordes de aquecimento do ar pelo globo. Não podemos deixar de lembrar que 2023 já foi o ano mais quente da história, com catástrofes climáticas registradas em diversos países.
Estiagens severas e excessos de chuva, ciclones e outros eventos extremos colocam em risco os sistemas de produção em todo o planeta e aumentam a preocupação em relação à segurança alimentar. Saber como o clima vai se comportar nunca foi tão importante.
O El Niño em curso já provocou quebra de safras em importantes estados produtores no Brasil, como é o caso de Mato Grosso. O fenômeno já começou a enfraquecer no Pacífico Equatorial, mas as temperaturas do ar marinho em geral permaneceram num nível muito elevado.
“Mesmo com a desaceleração do aquecimento das águas do oceano Pacífico Equatorial, há um certo delay no resfriamento da atmosfera, que ainda continua bastante quente”, afirma o meteorologista do Canal Rural, Arthur Müller.
Segundo ele, para não termos um novo recorde do ano mais quente da história em 2024, a exemplo do que aconteceu no ano passado, seria necessário que passássemos de uma neutralidade climática, que está prevista já para o início do outono, para um La Niña até o fim do ano.
“Dessa maneira, os efeitos do clima nas lavouras seriam amenizados com um resfriamento do maior oceano da Terra e, consequentemente, do ar na superfície”, diz ele.
De acordo com o último relatório da agência norte-americana NOAA, as chances de isso acontecer até o fim de 2024 superam os 70%. O pior cenário, segundo Müller, seria sairmos de uma neutralidade e repetirmos um outro El Niño. “As chances de isso ocorrer são baixas, mas não deixam de existir”, diz o meteorologista.