Dificuldades quanto à medição desse 0,5 ponto porcentual podem limitar o incremento a 27%. A questão foi debatida na última sexta-feira, dia 12, durante a Mesa Tripartite, coordenada pelo Ministério de Minas e Energia (MME) e que reúne integrantes do governo, de distribuidores de combustíveis e da cadeia produtiva de açúcar e álcool.
– O problema existe, porque as provetas atuais não medem o 0,5 ponto porcentual. Teria de se administrar muito bem o nível de mistura. Assim, por comodidade, surgiu a ideia dos 27% – disse o diretor técnico da União da Indústria de Cana-de-açúcar (Unica), Antonio de Padua Rodrigues.
Pela lei atual, o governo pode aplicar um porcentual entre 18% e 27,5% para a mistura de anidro na gasolina. A banda consta da Medida Provisória 647, aprovada pelo Congresso em setembro e sancionada pela presidente Dilma Rousseff no mesmo mês. A efetivação do novo porcentual depende, no entanto, de autorização do Conselho Interministerial de Açúcar e Álcool (Cima).
Na última terça-feira, dia 16, o presidente do Sindicato Nacional das Empresas Distribuidoras de Combustíveis e Lubrificantes (Sindicom), Alísio Vaz, disse no Rio que o porcentual deve ser de 27% por conta de dificuldades no controle e medição das frações para os centros de distribuição. Segundo ele, a previsão é de que a mudança seja adotada a partir de 1º de fevereiro.
Se confirmada, a aplicação do novo porcentual se daria antes da reunião do setor sucroenergético e da Associação Nacional dos Fabricantes de Veículos Automotores (Anfavea) com o ministro da Casa Civil, Aloizio Mercadante, marcada para 2 de fevereiro. De acordo com Rodrigues, da Unica, isso não está descartado, já que os testes de durabilidade de peças e em automóveis importados devem ser concluídos em janeiro.
Fontes do segmento sucroalcooleiro se mantêm confiantes ainda na aplicação do porcentual de 27,5% de mistura.
– Recentemente surgiu uma alternativa, que é utilizar provetas maiores e que ‘pegam’ o 0,5 ponto porcentual – disse um importante representante do setor, que não quis se identificar.
Já o líder de uma associação frisou que os testes conduzidos pelo Centro de Pesquisas da Petrobras (Cenpes) foram positivos para o porcentual de 27,5% e para outros ainda mais elevados, como 30%. Em razão disso, afirmou ele, são grandes as chances de o governo optar mesmo pelos 27,5%.
Etanol fica mais barato em 12 Estados
O preço do etanol hidratado nos postos brasileiros caiu em 12 Estados, subiu em outros 10 e ficou estável em quatro e no Distrito Federal nesta semana. Na semana anterior, o biocombustível havia caído em 14 Estados, subido em nove e no Distrito Federal e ficado estável em Alagoas, no Amapá e em Roraima.
Os dados são da Agência Nacional de Petróleo, Gás Natural e Biocombustíveis (ANP) e mostram que no período de um mês os preços do etanol recuaram em 11 Estados, subiram em 14 e não sofreram alterações no Distrito Federal e no Amapá.
Em São Paulo, principal Estado consumidor, a cotação subiu 0,21% nesta semana, para R$ 1,897 o litro. No período de um mês, acumula alta de 0,9%. Na semana, o maior avanço das cotações foi registrado no Rio de Janeiro (0,94%), enquanto o maior recuo ocorreu em Mato Grosso (1,91%). No mês, a maior alta ocorreu também em Mato Grosso (8,25%) e a maior queda, de 1,85%, na Bahia.
No Brasil, o preço mínimo registrado para o etanol foi de R$ 1,599 o litro, no Estado de São Paulo, e o máximo foi de R$ 3,320 o litro, no Amazonas. Na média, o menor preço foi de R$ 1,897 o litro, em São Paulo. O maior preço médio foi verificado no Acre, de R$ 2,97 o litro.
Competitividade
O etanol continuou competitivo em Goiás, Mato Grosso, Mato Grosso do Sul, Paraná e São Paulo nesta semana, mostram dados da ANP, compilados pelo AE-Taxas. Nos demais Estados e no Distrito Federal a gasolina permanece mais competitiva.
Segundo o levantamento, o etanol equivale a 67,27% do preço da gasolina em Goiás. Em Mato Grosso, a relação está em 66,95%; no Mato Grosso do Sul, em 69,13%; no Paraná, em 67,58%; e em São Paulo, em 65,44%.
A gasolina está mais vantajosa principalmente no Amapá, onde o etanol custa o equivalente a 92,77% do preço da gasolina – a relação é favorável ao biocombustível quando está abaixo de 70%. O preço médio da gasolina em São Paulo está em R$ 2,899 o litro. Na média da ANP, o preço do etanol no Estado ficou em R$ 1,897 o litro.