O Tribunal Regional Federal da Primeira Região (TRF1) derrubou nesta quarta-feira, dia 27, a liminar que suspendia a licença de operação da hidrelétrica de Belo Monte, em construção no rio Xingu, no Pará.
Em sua decisão, o presidente do TRF1, desembargador federal Cândido Ribeiro, acatou a suspensão de segurança apresentada pela Advocacia-Geral da União (AGU), que fez a defesa do empreendimento. Para aceitar o pedido de suspensão, declarou Ribeiro, “basta que se constate a existência de potencial risco de grave lesão à ordem, à saúde, à economia e à segurança pública”.
Em sua decisão, no entanto, Ribeiro manteve a multa contra a empresa, caso a condicionante deixe de ser atendida pela empresa.
No último dia 14, a Justiça Federal de Altamira (PA) tinha determinado a suspensão da licença dada pelo Ibama e que libera o início das operações da usina. A Justiça exigia que a concessionária Norte Energia, dona de Belo Monte, cumprisse a obrigação de reestruturar a Fundação Nacional do Índio (Funai) na região para atender os índios impactados pelo projeto.
A liminar atendia uma ação movida pelo Ministério Público Federal no Pará. Segundo o MPF, a medida condicionante já constava na licença prévia da usina, concedida em 2010, mas nunca foi cumprida.
Ao analisar o pedido de suspensão da liminar apresentado pela AGU, Ribeiro argumentou que as medidas estão em andamento e que haveria forte impacto social, como a demissão de 17 mil pessoas na região de Altamira e Vitória do Xingu. Destacou ainda a redução na arrecadação de tributos municipais, estaduais e federais, na ordem de R$ 50 milhões por mês, e o atraso na compensação financeira de aproximadamente R$ 224,27 milhões anuais para os entes federativos envolvidos, entre outros fatores.
O Ibama liberou a licença de operação da usina no dia 24 de novembro do ano passado. A Norte Energia já iniciou o enchimento de seu reservatório e quer começar a gerar energia neste primeiro trimestre. Entre as exigências incluídas na licença está a “revisão do tratamento ofertado aos ribeirinhos e moradores de ilhas e beiradões do rio Xingu” e a conclusão, até setembro de 2016, das ligações domiciliares à rede de esgoto da área urbana de Altamira.