A vacina Versamune MCTI, imunizante 100% nacional contra a Covid-19, terá os testes clínicos iniciados no próximo mês e deverá estar disponível à população brasileira no fim do ano ou, no mais tardar, em janeiro de 2022. A informação foi concedida em entrevista exclusiva ao Canal Rural pelo secretário de Pesquisa e Formação Científica do Ministério da Ciência, Tecnologia e Inovações (MCTI), Marcelo Morales.
Ele afirmou que a Versamune é a vacina de origem brasileira que está em estágio mais avançado nos trâmites da Agência Nacional de Vigilância Sanitária (Anvisa). “É uma vacina totalmente nacional, produzida por pesquisadores brasileiros e fabricada no país, o que dará uma segurança muito grande aos brasileiros”, diz Morales.
A grande vantagem em produzir um imunizante com tais características, segundo o secretário, é a segurança contra o surgimento de novas cepas da Covid-19. “Se tiver uma variante com efeito muito deletério, quer dizer, mais agressiva, a gente pode mudar essa tecnologia [de fabricação da vacina] rapidamente e continuar a produzir no Brasil. Isso dá segurança e soberania”, completa Morales.
“Cada vez que temos uma mutação dessas, se dependermos do exterior completamente para fazer modificações – principalmente se as mutações forem com características exclusivas do país, centralizadas aqui – isso fica difícil. Demora muito tempo e perdemos muita gente. Não queremos isso. Poder controlar rapidamente a tecnologia e os insumos é essencial”, disse em abril o ministro de Ciência e Tecnologia, Marcos Pontes.
A Versamine, que utiliza a tecnologia de proteína recombinante, é desenvolvida pela Faculdade de Medicina de Ribeirão Preto, da Universidade de São Paulo (USP), em parceria com a empresa brasileira Farmacore e a americana PDS Biotechnology Corporation.
Vacina produzida em laboratórios de saúde animal
Marcelo Morales salienta que os laboratórios voltados a produtos veterinários terão papel importante na fabricação em escala do imunizante verde-amarelo. “A indústria de saúde animal vai poder nos ajudar a produzir e envasar essas vacinas, dando escala nacional. Tem um parque tecnológico grande de vacinas do setor animal, que precisa de pequenas adaptações, revisadas pela Anvisa [para produzir] e a gente ganhar escala”.
Na última semana, o Senado concluiu o processo legislativo para permitir ao governo autorizar o uso de estruturas industriais de fabricação de vacinas de uso veterinário para a produção de imunizantes contra a Covid-19. O projeto de lei 1343/2021, de autoria do senador Wellington Fagundes (PL-MT), em forma de substitutivo da Câmara dos Deputados, foi aprovado por unanimidade e vai agora à sanção presidencial.
‘Polo de segurança na América Latina’
De acordo com secretário do ministério, o preço final da vacina nacional deverá ser o mesmo dos imunizantes importados ou licenciados para produção no Brasil. Entretanto, segundo ele, o Brasil “aprendeu com as vacinas anteriores” e terá agora uma de geração altamente tecnológica.
“[Com o desenvolvimento dessa vacina] É totalmente possível produzir para atender à população brasileira e exportar, e a gente pode ser um polo de segurança na América Latina. É isso o que nós queremos: trazer segurança para nossa população através da ciência e da tecnologia”, disse Morales.