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Vaqueiros começam a chegar a Brasília para mobilização

Organizadores de manifestação em apoio à realização de vaquejadas no país esperam que ao menos 700 caminhões já estejam no DF nesta segunda-feira

Caminhões vindos do Nordeste trazendo cavalos, vaqueiros e profissionais envolvidos nas vaquejadas já começam a chegar a Brasília para a mobilização marcada para a próxima terça-feira, dia 25, na Esplanada dos Ministérios, em apoio à realização de vaquejadas. Pelo menos 50 veículos estavam estacionados neste domingo, dia 23, no Parque Leão, localizado na região do Recanto das Emas, no Distrito Federal. 

A estimativa da Associação Brasileira de Vaquejada (Abvaq) é de que até o meio-dia desta segunda-feira, dia 24, pelo menos 700 caminhões estejam na capital. “Só do Nordeste, que a gente sabe, são 550 caminhões em trânsito, sem contar os 60 de Minas Gerais, 12 do Rio de Janeiro, 16 de Goiás, quatro do Sul, 40 do Pará”, contabilizam Leon Freire, diretor de Relações Públicas e de Planejamento da Abvaq, e outros colegas da associação.  

Cerca de outros 300 caminhões estariam em Barreiras (BA), a 600 km de Brasília. Lá, outro parque de vaquejada acolheu viajantes dando assistência, comida e espaço para abrigar os animais. De acordo com Freire, esse pessoal deve chegar ao Parque Leão no final da tarde de domingo. 

Gerente de haras em Teresina (Piauí), Ademir César chegou ao DF na manhã deste domingo. Trouxe consigo quatro cavalos e outros colegas de trabalho. O Rancho Ninizo, no qual trabalha, abriga hoje pelo menos 65 animais e 18 funcionários com carteira assinada. As vaquejadas e corridas são as duas maiores atividades desenvolvidas por eles. Por isso, César se preocupa tanto com a decisão do Supremo Tribunal Federal (STF), que julgou inconstitucional uma lei do Ceará que regulamentava a vaquejada como prática esportiva. 

Ademir César, do Piauí: preocupação com decisão do STF

“Por mim, a gente tinha que ter vindo antes do julgamento. Do jeito que as coisas estão, já foram despedidos três trabalhadores e estamos tirando os cavalos da baia com dor no coração”, afirma. Ele espera que a vinda à capital federal possa sensibilizar as autoridades para a regularização da vaquejada. 

O casal Ana Carla Batista e AdjaIlson Paiva, que veio de Carpina (PE), vive de viajar pelo país participando de eventos em torno da vaquejada. Paiva é vaqueiro profissional, já ganhou diversos prêmios e afirma que, “se  acabar a vaquejada, acabou-se a gente”. A esposa conta que o marido aprendeu o ofício com o pai e hoje passa a profissão para os dois filhos pequenos, que amam e acompanham a família. Os pequenos só não teriam vindo para a mobilização porque estão em período de aulas escolares. 

Ana e Paiva (casal à dir.): profissão de vaqueiro passada aos filhos

O Parque Leão disponibilizou um espaço para a desmontagem dos caminhões, por onde descem os animais, formando um pequeno “curral” ao redor do veículo. Outros estendem as caçambas e deixam à mostra o palco usado para locução e apresentações diversas. Tanques de água também estão distribuídos para quem deseja lavar seus cavalos.

Além dos manifestantes que chegaram de caminhão, há relatos de pessoas que também estariam indo a Brasília de ônibus e avião. 

Dia da mobilização

Segundo os organizadores do evento, as comitivas devem sair do Parque Leão às 22h de segunda-feira em direção à Esplanada dos Ministérios, para que todos já amanheçam em frente ao Congresso Nacional. 

Às 8h de terça, está prevista a realização da missa do vaqueiro, ao ar livre. Em seguida, às 10h, haverá um ato público na Esplanada. Ao, meio-dia, vaqueiros vestidos de trajes típicos receberão uma bênção na Catedral de Brasília. 
Às 17h, ocorrerá o principal momento da mobilização: a cavalgada “Vaquejada Legal”. À noite, artistas se apresentarão em prol da prática esportiva. Aprevisão de término das atividades é às 21h. 

Entenda o caso

A decisão de fazer uma grande manifestação nacional em prol da vaquejada partiu da Abvaq e da Associação Brasileira de Criadores de Cavalo Quarto de Milha (ABQM), após julgamento do STF que entendeu ser inconstitucional uma lei do Ceará regulamentando a vaquejada como prática esportiva. O assunto tomou grandes proporções e suscitou debates entre os envolvidos na prática e os movimentos de defesa dos animais. 

De um lado, defende-se a vaquejada como uma manifestação cultural que gera emprego e renda para milhares de família envolvidas de forma direta e indireta na atividade. De outro, ativistas alegam que ocorrem maus-tratos a cavalos e bois que participam dos eventos. 

A Abvaq afirma que a prática de correr atrás do boi e derrubá-lo não se diferencia do que ocorre nas fazendas do país. O mesmo valeria para o percurso feito pelo animal, que sai do curral, passa por bretes, pista e volta ao curral. 

A associação defende a realização de vaquejadas estejam dentro das normas e parâmetros de defesa animal, tais como a utilização de protetor de cauda, currais com água e comida à vontade para os bois, além de arena com pelo menos 30 cm de areia, para amortecer a queda dos vaqueiros e do gado. O uso de esporas e chicote foi abolido, afirma Leon Freire. “Todas as vaquejadas feitas por associados da Abvaq mantêm uma equipe de veterinários 24 horas à disposição, além de dois juízes ‘de fora’ que avaliam a defesa animal”.

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