O problema entre produtores e javalis fica cada dia maior no Brasil. Os estragos feitos são muitos, mas alguns ainda surpreendem. Em Rio Brilhante, no Mato Grosso do Sul, os animais destruíram grande parte de uma plantação de milho. As imagens são impressionantes.
O controle de javalis tem gerado polêmica nos últimos meses. O Instituto Brasileiro do Meio Ambiente e dos Recursos Naturais Renováveis (Ibama) vai publicar um novo plano de controle de javalis com o objetivo de desburocratizar o abate da espécie. O órgão ainda estuda proibir o uso de cães de caça para fazer o controle, o que não agradou produtores que fazem o abate dos animais selvagens.
Atualmente, os cães são grandes aliados para o controle. Os animais são fundamentais para encontrarem os javalis escondidos nas matas fechadas. Além disso, alguns caninos ajudam no abate do que já é considerada uma praga.
De acordo com o coordenador de Fauna e Recursos Pesqueiros do Ibama, João Pessoa Riograndense, a entidade quer desenvolver um sistema informatizado para facilitar o processo de abate ao javali. “No plano de ação, vamos rever a norma do Ibama, que é omissa na questão do uso de cães no abate. Na revisão, vamos definir o uso do cão ou não, com a intenção de evitar os maus-tratos tanto ao cão quanto ao javali”, diz.
Em entrevista ao Jornal da Pecuária, o engenheiro agrônomo e organizador da rede Aqui tem Javali, Rafael Augusto Salerno, disse que a medida talvez não seja a melhor para o produtor rural. “A desburocratização seria bem-vinda, mas, melhor ainda, seria a desregulamentação. Até hoje nós não sabemos por que as pragas urbanas como ratos e baratas enão têm nenhuma necessidade de cadastro e nós, da área rural, possuímos essa necessidade”, afirma.
Sobre o uso de cão de agarre, Salerno disse ser impossível conseguir controlar os animais sem esse tipo de apoio. “Hoje, nove em cada dez javalis são abatidos utilizando cães de agarre. Em 2007, Santa Catarina proibiu o uso de cães e foi desatroso; durante três anos, criou-se um caos no estado. Não vemos o Ibama questionando o uso de cães pela polícia ou pelo Exército, apenas por parte dos produtores.”
Salerno acredita que não há alternativa ao uso de cães no processo e que a falta de controle de javalis poderia gerar, inclusive, problemas econômicos no âmbito da pecuária. “Havaria a entrada em novas áreas e todo o nosso esforço na questão sanitária no Brasil pode ser jogada no lixo, se houver um surto de doenças ligadas ao javali”, comentou.