A vinícola Don Affonso, em Caxias do Sul (RS), está de portas fechadas. Além da venda direta de vinho ao consumidor, o estabelecimento também viu o enoturismo parar — a cidade faz parte de uma importante região turística do estado. “Com isso, comparando com mesmo período do ano passado, o nosso faturamento caiu 80%”, calcula o proprietário, André Gasperin.
A saída foi usar a tecnologia a favor e reinventar o modo de vender para não falir o negócio familiar. “Estamos focando no e-commerce, apostando todas as fichas na loja virtual, oferecendo frete grátis, descontos e recebendo pedidos pelo WhatsApp”, diz.
A venda on-line é um desafio, já que é um modelo recente para a vinícola e o tráfego de possíveis consumidores ainda não está tão grande.
Mais vinho na quarentena
Mas se por um lado a situação é mais dramática para as pequenas vinícolas, para as maiores a situação ainda não está tão agravada, já que conseguem vender seus produtos nas prateleiras dos supermercados.
Segundo a Federação das Cooperativas Vitivinícolas do Rio Grande do Sul (Fecovinho), a quarentena voluntária aumentou a venda de bebida alcoólica em torno de 20% no Brasil, o que é positivo para quem vende vinhos.
Além disso, o dólar alto tem inibido a importação da bebida, o que torna o mercado mais favorável para vinícolas nacionais. “Quando houver reposição de vinhos nos mercados, deve ser de vinho nacional”, acredita Hélio Marchioro, executivo da Fecovinho.
Saiu ileso
O produtor de uva respira aliviado, pois vendeu sua produção antes da pandemia de coronavírus. A safra 2020 foi muito boa em termos de qualidade e preço. O quilo da uva Isabel (usada como referência na medição dos preços) ficou em R$ 1,08. “Este ano, a uva teve um fenômeno positivo para o produtor considerando preço, foi dentro do esperado”, garante Marchioro.