O presidente da Federação da Agricultura e Pecuária do Estado de Minas Gerais (Sistema Faemg), Roberto Simões, afirma que o incremento de 20% do montante de recursos foi positivo, mas ressaltou que o setor necessita urgente de um plano de longo prazo, de no mínimo cinco anos. Ele comenta que a criação do grupo de Alto Nível da Lei Plurianual da Produção Agrícola Brasileira (LPAB) já é um indício de que o Ministério está ouvindo ao pleito do setor.
– A forma como veio o Plano Agrícola e Pecuário deste ano não foi ruim, mas não pode ser anual. Precisamos de políticas de longo prazo que definam mais diretrizes para o produtor brasileiro ter mais segurança. Não dá para decidir a vida em um ano – diz.
• Veja também: Agropecuária terá R$ 187,7 bilhões na safra 2015/2016
Segundo Simões, a destinação de mais recursos para custeio ante uma queda do montante para investimento “já tinha sido negociada”. Sobre os juros, Simões disse que são pesados, e em relação aos R$ 668 milhões para o seguro rural, ele considerou pouco.
Para o consultor da Associação dos Produtores de Milho e Soja de Mato Grosso (Aprosoja-MT) Ricardo Arioli, o montante de recursos para o crédito rural disponibilizado é positivo, dentro de um contexto de contingenciamento orçamentário, mas o aumento de juros é visto com preocupação por ele.
– Os juros serão um problema, principalmente no caso da soja. Já temos um risco cambial elevado e a expectativa é de que os custos de produção também estejam mais altos. E, quando o custo do financiamento aumenta, isso é mais um elemento a afetar o bolso do produtor – destaca.
O presidente do Conselho Superior do Agronegócio da Federação das Indústrias do Estado de São Paulo (Cosag/Fiesp), João Sampaio, salienta que os R$ 187,7 bilhões anunciados pelo governo para o Plano Agrícola e Pecuário 2015/2016 e ainda o aumento de 8% no limite de financiamento aos produtores superaram as expectativas.
• Veja também: Kátia Abreu promete quitar dívida do seguro rural nos próximos dias
Ele considera como “muito importante” a manutenção em 90% da fatia de máquinas agrícolas financiadas pelo governo, diante da expectativa de que esse porcentual pudesse cair para 70%, e ainda elogiou o nível de juros em até 8,75% ao ano no crédito agrícola.
– A expectativa era que os juros ficariam de 9% a 9,5% ao ano. Então, os 8,75% foram ótimos, já que a inflação está em um nível parecido.
O presidente da Federação das Cooperativas Agropecuárias do Rio Grande do Sul (FecoAgro/RS), Paulo Pires, por sua vez, diz que o aumento no volume de recursos foi um reconhecimento da “eficiência do setor agropecuário”.
– Foi levada em conta a relevância do agronegócio para a economia, enquanto outros setores apresentaram números negativos. Não adianta colocar o pé no freio em uma atividade que está andando bem.
De acordo com o presidente da Sociedade Rural Brasileira (SRB), Gustavo Diniz Junqueira, o valor e os juros médios do Plano Safra 2015/2016 estão em linha com o esperado pelo setor. No entanto, ele diz que é importante considerar que o avanço de 20% do montante destinado ao crédito rural não é grande quando comparado com a inflação dos últimos 12 meses e a desvalorização cambial, que afetam produtores.
– Mas o valor mostra o trabalho desempenhado pela ministra para manter os recursos do plano em um ano difícil – afirma.
Junqueira nota que os juros dos financiamentos estão mais altos este ano, mas pondera que isso já era esperado pelo mercado. Para ele, o Plano Safra a ser anunciado em 2016 também deve vir em linha com a tendência de aperto monetário.
O conselheiro e segundo vice-presidente da Associação Brasileira da Indústria de Máquinas e Equipamentos (Abimaq), João Marchesan, acredita que os recursos “estão de bom tamanho”. O conselheiro da Abimaq considera que a manutenção de contrapartida de 10% ao produtor, com 90% de financiamento do governo, para os investimentos em máquinas agrícolas novas, é a melhor notícia do Plano Safra.
– Em outros programas, o volume financiado máximo pelo governo é de 70%. O que precisa é o agricultor ter confiança novamente e voltar a investir (em máquinas), porque ele vai seguir plantando – lembra Marchesan.
O presidente da Associação Baiana dos Produtores de Algodão (Abapa), Celestino Zanella, também avalia o plano como positivo. Para ele, o incremento do volume tranquiliza em parte os agricultores.
– É melhor talvez termos recursos um pouco mais caros, mas termos os recursos, do que almejarmos um dinheiro mais barato e não termos esses recursos – salienta Zanella.
De acordo com o presidente da Ocesp (Organização das Cooperativas do Estado de São Paulo), Edivaldo Del Grande, o governo falha ao elevar as taxas de juros do Plano Safra, medida que poderá comprometer ainda mais a economia, afetando não só produtores rurais como também os consumidores.
– Do lado do produtor, cautela é a melhor opção para o momento. É preciso tomar muito cuidado para não se endividar – alerta.
A Federação das Associações dos Arrozeiros do Rio Grande do Sul (Federarroz) avalia que o custeio para a agricultura irrigada deveria ter tido uma atenção especial no Plano Agrícola e Pecuário 2015/2016. Com a alta dos custos de produção, especialmente no que diz respeito à energia elétrica, a análise é de que esta modalidade deveria ser vista com um olhar diferente pelo governo federal. O presidente da entidade, Henrique Dornelles, com o aumento de 20% do volume de recursos para a próxima safra, reconhece a importância econômica da agropecuária para o país. Mas para o arroz, devido à crise instaurada com a alta dos custos e redução de preços, “deveria haver uma atenção maior pelo fato de ser uma cultura irrigada”.
– Para os preços mínimos e custos de produção da atividade orizícola esperamos que seja publicado algo que realmente represente a realidade do setor. Hoje o produto está cotado em torno de R$ 34,00 e existe uma grande crise do setor que poderá comprometer a área do arroz. Muitos produtores poderão inclusive reduzir a área devido aos altos custos de produção – pontua Dornelles.
Já o presidente da Confederação da Agricultura e Pecuária do Brasil (CNA), João Martins, considera que os recursos superaram as expectativas:
– Com certeza foi além do que esperávamos. O país vive um momento de incertezas e perspectivas não muito boas e nosso receio era não haver recursos, mas este volume vai nos proporcionar que tenhamos uma excelente safra – disse Martins, em nota.
Ele avalia que o aumento de 20% no volume de crédito vai compensar a alta dos juros.
– Claro que é um aumento (dos juros) significante e que vai ter peso nos custos de produção. Mas é melhor ter juros maiores com mais recursos do que não termos crédito suficiente.
Martins elogia a criação do Grupo de Alto Nível da Lei Plurianual da Produção Agrícola Brasileira (LPAB), responsável por discutir uma política de planejamento estratégico para o setor, que seria equivalente a um Plano Agrícola e Pecuário Plurianual.
O presidente da Federação da Agricultura e Pecuária do Estado de São Paulo (Faesp), Fábio Meirelles, é da opinião que acredita que os juros deveriam ser mais “acessíveis” para o produtor.
– Vivemos em um país tropical, onde os riscos de produção são maiores. E esse risco não pode ficar tão pesado – disse, defendendo ainda uma política agrícola de quatro anos para a agricultura.
Para o presidente da Associação Nacional dos Fabricantes de Veículos Automotores (Anfavea), Luiz Moan, o aumento de recursos e a manutenção das condições de financiamento para máquinas agrícolas é positiva. No anúncio, foram destinados R$ 10 bilhões ao Moderfrota para a próxima safra, ante R$ 8 bilhões na safra passada. Já a fatia do bem financiada pelo programa foi mantida em 90%. O setor agrícola temia redução para 70%.
– O anúncio do Plano Agrícola e Pecuário 2015/2016, ao aumentar os recursos e manter as condições de financiamento, além de estabelecer taxa de juros dentro do esperado pelo setor reveste-se claramente em um apoio ao desenvolvimento da agropecuária nacional. Importante ressaltar que este setor é base de crescimento econômico de nosso País e, em suma, essa é uma medida de estímulo ao desenvolvimento – pontua Moan.