O atraso na votação do Orçamento de 2025 já afeta diversos setores da economia, e o agronegócio não é exceção. Um dos primeiros reflexos foi o congelamento de linhas do Plano Safra, comprometendo ainda mais o financiamento da produção rural. A indefinição no Congresso Nacional adiciona incerteza ao mercado e pode impactar diretamente investimentos, produtividade e preços dos alimentos.
Segundo Carlos Dias, presidente do Instituto Democracia e Liberdade (IDL), o congelamento do crédito rural não decorre apenas do atraso na votação do orçamento, mas também da falta de articulação política do governo.
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O papel da LDO e os impactos do atraso
A Lei de Diretrizes Orçamentárias (LDO) estabelece as regras básicas para a elaboração do orçamento público, definindo metas fiscais, prioridades de investimentos e limites para gastos do governo. Ela funciona como um guia para a Lei Orçamentária Anual (LOA), que detalha as receitas e despesas do ano seguinte.
De acordo com Dias, a indefinição prejudica diretamente a produção rural e desestabiliza o setor. “A incapacidade do governo em negociar e garantir apoio para a votação do orçamento cria incerteza e compromete as políticas de financiamento agrícola”, destaca.
Riscos para a economia
Além da falta de crédito, o especialista alerta para impactos mais amplos na economia. A insegurança financeira pode reduzir investimentos em tecnologia e infraestrutura, atrasando a modernização do agro e diminuindo a produtividade.
“Outros setores também sentem os efeitos da incerteza orçamentária, pois a falta de previsibilidade reduz investimentos e pode levar a um crescimento econômico mais lento”, afirma.
O governo tem ressaltado a necessidade de baratear os alimentos, mas, segundo o especialista, a restrição ao financiamento agrícola pode ter o efeito oposto. Com menos crédito disponível, a produção tende a diminuir, reduzindo a oferta de produtos agropecuários e pressionando os preços para cima.
“Caso o objetivo seja realmente reduzir os preços dos alimentos, a limitação do financiamento agrícola se torna uma contradição”, avalia.
Soluções práticas
Para minimizar os efeitos do atraso orçamentário no agronegócio, Dias sugere medidas emergenciais, como a liberação de recursos provisórios para manter atividades essenciais do Plano Safra.
Ele também defende o fortalecimento da integração entre produtores, indústrias e o mercado, promovendo a verticalização da produção e melhorando a comercialização e o escoamento dos produtos.
“Uma solução estrutural seria estabelecer um limite percentual de endividamento do governo em relação ao PIB, garantindo maior previsibilidade fiscal”, conclui.