O Produto Interno Bruto (PIB) do agronegócio brasileiro, calculado pelo Centro de Estudos Avançados em Economia Aplicada (Cepea), da Esalq/USP, em parceria com a Confederação da Agricultura e Pecuária do Brasil (CNA), cresceu 4,33% no segundo trimestre, acumulando alta de 9,81% no primeiro semestre de 2021. Entre os segmentos do agronegócio, o primário e o de insumos mantiveram destaque no trimestre e no acumulado semestral.
No caso do segmento primário, o impulso veio sobretudo da agricultura; no caso dos insumos, veio da pecuária. A agroindústria e os agrosserviços também cresceram no semestre, mas a taxas mais modestas. Pela perspectiva dos ramos do agronegócio, os cenários foram opostos. No ramo agrícola, o PIB cresceu 14,46% nos seis primeiros meses de 2021, após avançar 5,96% no segundo trimestre.
O resultado foi positivo e expressivo para todos os segmentos do ramo, com destaque para o primário. O excelente resultado da agricultura, com alta de 24,33% no semestre, é observado mesmo com o avanço dos custos agrícolas e com a quebra de produção em diferentes culturas em resposta às condições climáticas desfavoráveis, impulsionado pelo alto patamar real dos preços agrícolas.
Essa alta dos preços dos insumos, como os fertilizantes, defensivos e máquinas agrícolas, ao passo que pressiona os custos agrícolas, contribuiu para o bom resultado do segmento de insumos desse ramo (15,44%). No caso da agroindústria de base agrícola, o resultado positivo do PIB no semestre (7,84%) refletiu ambos, o bom patamar dos preços agroindustriais e uma recuperação de produção frente ao mesmo período de 2020, marcado fortemente pelos desdobramentos econômicos da pandemia de Covid-19.
Ainda no ramo da agricultura, também chama a atenção o forte crescimento do PIB dos agrosserviços, de 12,34% no semestre. Tomando como exemplo o setor de transportes, segundo o relatório trimestral da Fretebras, os fretes do agronegócio aumentaram 65% no primeiro semestre de 2021, em comparação ao mesmo período de 2020, e representaram 37% dos fretes registrados pela instituição no Brasil.
A Fretebras aponta que o volume de fretes foi puxado sobretudo por fertilizantes, soja e milho. Já no ramo pecuário, o PIB recuou 2,18% no semestre, com os resultados das cadeias pecuárias corroídos principalmente pelo aumento dos custos com insumos. No segmento primário, o resultado do PIB, aumento de 8,7% no semestre, é modesto tendo em conta as fortes elevações dos preços dos animais vivos e do leite.
Isso reflete a forte alta dos custos pecuários e a menor produção de bovinos no campo, que se contrapôs aos aumentos nas produções de frango e suínos. Na agroindústria pecuária, a queda de 8,98% no PIB no semestre refletiu, por um lado, um estreitamento das margens, com a dificuldade de repasse dos aumentos das matérias-primas para o consumidor brasileiro e, por outro, a redução dos abates de bovinos diante da escassez de bois prontos para o abate no segmento a montante. Considerando-se o desempenho até o momento do agronegócio e da economia brasileira como um todo, a participação do setor no PIB total brasileiro deve se manter em torno de 30%.