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A forte pressão de alta do dólar em relação ao real na manhã de quarta-feira, 28, fez o Banco Central entrar no mercado para segurar a moeda americana. O BC convocou leilão de venda de dólares das reservas internacionais e negociou com o mercado financeiro um total de US$ 1,042 bilhão. Com a operação, a moeda americana, que se aproximou dos R$ 5,80 antes das 10 horas, acabou recuando para a faixa dos R$ 5,73, e fechou o dia a R$ 5,7619.
Desde que a pandemia se intensificou, entre o fim de fevereiro e o início de março, o BC vem promovendo operações de venda de dólares no mercado financeiro para conter o avanço da moeda americana. A intenção não é necessariamente fazer a cotação cair, mas sim evitar que ela dispare rapidamente, o que poderia desestruturar os negócios. O efeito é paliativo.
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De março até agora a instituição já vendeu um total de US$ 23,451 bilhões das reservas internacionais. Apenas em março – no auge das preocupações com a pandemia -, a instituição negociou com o mercado US$ 10,674 bilhões. Apesar do número alto, especialistas não consideram isso preocupante, já que o nível das reservas está em US$ 356,6 bilhões.
Mas a venda de dólar à vista não é a única ferramenta do BC para segurar o câmbio. Nos últimos meses, a autarquia também promoveu operações de linha – venda de dólares com compromisso de recompra no futuro – e leilões de swap.
O swap é um tipo de contrato cambial que, ao ser negociado no mercado, tem um efeito equivalente à venda de dólares no mercado futuro da moeda americana. Na prática, é uma forma de o BC vender dólares, mas sem ter de mexer nas reservas internacionais – o seguro do país contra crises.
Na manhã de ontem, o BC negociou US$ 600 milhões por meio de swaps cambiais, mas a operação não chegou a ser uma novidade. Previsto desde terça-feira, o leilão de swaps serviu para o BC renovar contratos, de posse do mercado financeiro, que estão para vencer no início de dezembro. Com isso, a autarquia evita uma pressão adicional de alta do dólar ante o real.
Resposta
A atuação do BC nesta quarta-feira foi uma resposta à alta firme do dólar ante o real, mas também em relação a outras divisas de países emergentes ou exportadores de commodities (produtos básicos). Desde cedo, os mercados globais mostravam pessimismo em relação ao enfrentamento da pandemia do novo coronavírus. A segunda onda da Covid-19 na Europa, que atinge países como a França, e os dados de contaminação nos EUA são fatores que ameaçam a retomada econômica global.
No Brasil, a maior dúvida ainda é se o governo de Jair Bolsonaro conseguirá controlar o rombo fiscal. O receio é de que, no limite, o país não consiga equilibrar suas contas e se torne insolvente nos próximos anos. Essa preocupação acabou por fazer o dólar subir mais ante o real, na comparação com o visto em relação a outras moedas.