O boicote de marcas francesas à soja e à carne brasileiras em 2024 gerou uma crise diplomática, mas também reforçou a união entre o setor produtivo, o governo federal e a sociedade. A decisão da Danone e do Carrefour de suspender compras de produtos brasileiros foi motivada por questionamentos sobre a sustentabilidade da produção nacional e pela implementação da lei europeia anti-desmatamento.
A crise teve início em outubro, quando um executivo da Danone afirmou que a empresa havia deixado de comprar soja brasileira, substituindo-a por fornecedores asiáticos. A justificativa foi a exigência da União Europeia de comprovar a origem sustentável das matérias-primas. Apesar de a Danone Brasil desmentir a informação, o episódio gerou repercussão negativa.
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Em novembro, o Carrefour francês anunciou a suspensão das compras de carne bovina do Mercosul. A decisão foi tomada em meio a protestos de agricultores franceses contra o acordo de livre comércio entre a União Europeia e o bloco sul-americano.
A medida provocou uma resposta enérgica do governo brasileiro, que recomendou que frigoríficos não fornecessem carne às unidades brasileiras da rede. “Se não serve para os franceses, também não servirá para os brasileiros”, declarou o ministro da Agricultura, Carlos Fávaro.
Reação unificada e aprendizados
A crise provocada pelos boicotes resultou em uma reação conjunta entre produtores rurais, governo e sociedade. Para especialistas, o episódio demonstrou a capacidade do país de defender sua produção de forma articulada. “Quando o produto brasileiro é questionado de forma injusta lá fora, é natural que todos os setores se unam em defesa da produção nacional”, afirmou Leonardo Munhoz, pesquisador da FGVAgro.
O episódio também trouxe aprendizados importantes para o agronegócio em 2025, com destaque para a necessidade de uma comunicação mais eficaz sobre a sustentabilidade da produção brasileira. “Precisamos demonstrar de forma mais clara a sustentabilidade do agro, usando como base o Código Florestal, que é único no mundo”, ressaltou Munhoz.
A mobilização reforçou o orgulho da população brasileira em relação ao agronegócio e à competitividade do setor, que continua a enfrentar desafios globais com resiliência e inovação.