Veterinários, agrônomos e zootecnistas se reuniram nesta quinta, dia 22, na Câmara dos Deputados, para discutir o projeto de lei 1.016/2015, que afeta diretamente as três profissões. Se a proposta passar pelo Congresso, engenheiros agrônomos e médicos veterinários não poderão mais exercer a função de zootecnista. O projeto também quer definir as atribuições exclusivas do profissional de zootecnia: produção de ração, melhoramento animal e participação em concursos públicos.
A confusão é tanta que fica difícil determinar onde começam e terminam as atribuições desses profissionais. O médico veterinário atua na parte clínica, de cirurgia, cuida da saúde animal e inspeciona produtos de origem animal. O zootecnista trabalha na nutrição e no melhoramento animal para aumentar a produtividade. Já o agrônomo realiza algumas atividades ligadas a animais, mas tem como foco a agricultura.
De todas essas áreas, a mais recente é a zootecnia, que começou na década de 1970 e hoje já tem 107 cursos em universidades do Brasil. Além de alguns pontos em comum nas atividades, uma lei de 1968 permite que engenheiros agrônomos e médicos veterinários também sejam considerados zootecnistas. Isso é considerado injusto para quem escolheu e estudou essa profissão. Os três cursos têm em comum 40% de conteúdo. Desses, apenas 12% são da área específica da zootecnia.
Segundo a presidente da Associação Brasileira de Zootecnistas, Celia Regina Carrer, não há uma restrição à atuação dos agrônomos e veterinários como zootecnistas. “Mas eles precisam receber a dupla titulação, o diploma casado”, diz. Para ela, que comanda uma associação com 30 mil filiados, o projeto promove uma correção histórica.
Estudantes e profissionais da área dizem que a graduação em zootecnia leva mais tempo. “Prezamos pelo melhoramento genético e nutrição animal. Nessas áreas, temos uma carga maior, um maior número de disciplinas. Nós temos formação melhor que a de um veterinário ou agrônomo”, afirma a zootecnista Malane Muniz.
Para Emilio Mouchrek, presidente do Conselho Federal de Engenharia Agronômica, caso o projeto seja aprovado, os mais de 100 mil profissionais em atuação no país seriam prejudicados. “O agrônomo perderia metade das atribuições profissionais”, diz
O presidente do Conselho Federal de Medicina Veterinária, Benedito Fortes de Arruda, também é contra a alteração e diz que os mais de cem mil veterinários que existem no país atuam em maior ou menor grau na área de zootecnia: “No mundo todo a zootecnia não é considerada uma profissão. É uma área de conhecimento que tanto faz parte da agronomia quanto da veterinária”.
O projeto de lei tramita em caráter conclusivo. Assim, depois de passar pelas comissões temáticas da Câmara, segue para as comissões no Senado.