O dólar comercial fechou em alta de 0,5% no mercado à vista, cotado a R$ 3,977 para venda – acumulando oito altas consecutivas e R$ 0,20 de valorização no período – em mais uma sessão de volatilidade e temor com a guerra comercial entre Estados Unidos e China que investidores começam a associar os conflitos com uma futura desaceleração da economia global.
O analista de câmbio da Correparti, Ricardo Gomes Filho, reitera que o movimento de fortalecimento da moeda estrangeira, em mais uma sessão, está relacionado à piora da percepção sobre a atividade global.
“Com expectativas direcionadas à votação dos destaques da reforma da Previdência na Câmara dos Deputados e para quaisquer mudanças no posicionamento entre Estados Unidos e China, o investidor segue atento, porém busca segurança em ativos mais seguros”, reforça.
Hoje, os bancos centrais (BCs) da Nova Zelândia, Índia e da Tailândia reduziram as taxas de juros, o que para o analista da Toro Investimentos Felipe Fernandes deixa claro que os BCs iniciam o movimento de corte de juros já temendo uma desaceleração da economia global. Recentemente, Turquia, Estados Unidos e Brasil aderiram ao afrouxamento monetário.
Fernandes reforça que, no mercado doméstico, houve um grande fluxo de compra, o que levou a moeda a renovar máximas sucessivas chegando a R$ 3,994 (+0,93%), na maior cotação intradiária desde 28 de maio, quando registrou R$ 4,024 na máxima daquela sessão. “Houve compra de lotes bem significativos. A leitura é de corrida forte por proteção”, diz.
Amanhã, na abertura dos mercados, os ativos devem reagir aos dados da balança comercial da China no mês passado, que saem na noite desta quarta-feira (horário de Brasília). “A depender dos números, eles podem ditar o rumo dos mercados. Se o dado for fraco, pode ser uma munição para Donald Trump [presidente dos Estados Unidos] intensificar a guerra entre eles. Tudo ajuda a fortalecer o dólar”, comenta.