Economia

Em dia de pânico e após bater em R$ 5, dólar fecha com novo recorde

O BC ofertou contratos na operação à vista, mas investidores não quiseram pagar com essa cotação mais alta

notas de dólar
Foto: Pixabay

O dólar comercial fechou em alta de 1,25% no mercado à vista, cotado a R$ 4,779 para venda, em mais uma sessão de pânico generalizado nos ativos globais em meio à escalada do coronavírus, no qual a moeda abriu os negócios acima de R$ 5 pela primeira vez na história. Patamar que levou o Banco Central (BC) a atuar no mercado por quatro vezes com venda de dólares no mercado à vista.  

“O mercado doméstico experimentou mais um dia caótico e o motivo segue sendo a escalada do coronavírus e as suas ‘sequelas’ sociais e econômicas. Como efeito da pandemia, os investidores promoveram uma verdadeira corrida para os ativos mais seguros, resultando em perdas massivas e de magnitudes históricas no mercado acionário global”, comenta o analista de câmbio da Correparti, Ricardo Gomes Filho.  

Ele acrescenta que o câmbio, por sua vez, exibiu “expressiva” valorização ante às outras moedas de países emergentes. A moeda estrangeira abriu os negócios no limite de alta no mercado futuro, acima de R$ 5, enquanto o contrato à vista renovou a máxima histórica intraday a R$ 5,029 (+6,55%). 

 “Vale lembrar que esse cenário de perdas ocorreu mesmo à despeito do anúncio de programas de estímulo pelas principais economias. Internamente, o BC local se mostrou bastante ativo ao executar sucessivos leilões para tentar amenizar a escalada da moeda”, avalia.  

Ao todo, a autoridade monetária ofertou US$ 5,75 bilhões, porém, foram tomados US$ 1,780 bilhão somando as quatro operações. “O problema no mercado cambial não é liquidez de falta de dólar, e sim proteção. O BC ofertou contratos na operação à vista, mas investidores não quiseram pagar com essa cotação mais alta. Poucos aceitaram. O problema não é demanda”, explica o operador de derivativos de um banco nacional. 

Já o Federal Reserve (Fed, o banco central norte-americano) anunciou o aumento das operações compromissadas, conhecidas como repo, com a oferta de US$ 500 bilhões em operação de recompra de três meses e de um mês. No momento do anúncio da operação, o contrato futuro do dólar chegou à mínima do dia, a R$ 4,75. A partir disso, passou a oscilar sem direção única.   

Amanhã, no último pregão de uma semana conturbada para o mercado financeiro, a agenda de indicadores não tem grandes destaques, mantendo o noticiário sobre o coronavírus no radar dos investidores. Agentes do mercado comentam que o Banco Central deve atuar no mercado na tentativa de evitar a escalada da moeda no mercado local em meio à forte depreciação cambial nas últimas semanas.