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Ibovespa fecha em alta de 0,86%; dólar recua a R$ 5,13

Nos primeiros minutos do pregão, o dólar chegou até a ensaiar uma alta firme, com máxima a R$ 5,1824, em meio a temores geopolíticos

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Foto: Valter Campanato/Agência Brasil

A mudança de sinal em Nova York à tarde, do negativo ao positivo, e a acentuação de ganhos em Petrobras (ON +4,10%, PN +4,30%), que chegou em certos momentos a passar à frente da própria alta do Brent na sessão, levaram o Ibovespa aos 115.218,65 pontos na máxima do dia (+0,92%), e a fechamento nesta segunda-feira ainda em alta de 0,86%, a 115.156,07, no maior nível deste mês de outubro, após ter encerrado setembro aos 116,5 mil.

O giro ficou em R$ 19,0 bilhões na sessão. No mês, o Ibovespa ainda cede 1,21%, limitando o avanço do ano a 4,94%.

À exceção de Petrobras e de utilities como Eletrobras (ON +1,87%, PNB +2,32%), a sessão foi majoritariamente negativa para as ações na B3, refletindo a aversão a risco com novo ingrediente neste início de semana: a guerra no Oriente Médio deflagrada no sábado pelo Hamas, em ataque terrorista em escala considerada sem precedentes a Israel, 50 anos depois da Guerra do Yom Kippur.

A possibilidade de prolongamento dos combates na Faixa de Gaza, onde dezenas de reféns israelenses estariam sendo mantidos, colocou desde cedo pressão especialmente nas cotações do petróleo, tendo em vista também a rivalidade entre Israel e Irã, importante produtor da commodity e considerado um dos principais apoiadores do grupo extremista palestino.

“Um evento como esse resulta em aumento dos prêmios de risco, em um cenário que já era marcado, antes do conflito, por cautela dos investidores”, diz Victor Beyruti, economista da Guide Investimentos. “É muito cedo ainda para entender as repercussões dessa guerra, mas diferentemente do que se vê na Ucrânia, parece ser um conflito de exaustão mais rápida”, observa Alex Lima, estrategista-chefe da Guide. “Poder ser uma guerra mais curta, mas muito custosa também.”

“É natural o petróleo subir hoje da forma como se vê, principalmente se o Irã for arrastado para o conflito”, acrescenta o estrategista da Guide Investimentos. “Israel não produz petróleo, mas o Estreito de Ormuz, que fica ali perto, é por onde passam 20% da produção global da commodity, o que explica também esta alta do Brent hoje”, em um dia no qual o mercado de juros nos Estados Unidos permaneceu fechado por conta de feriado – lembrando que os juros futuros, assim como o câmbio, são uma correia de transmissão natural da percepção de risco dos investidores.

“É possível que o impacto sobre os ativos permaneça limitado, caso o conflito não se estenda a terceiras partes, tanto que as bolsas abriram de forma negativa, mas depois foram se ajustando”, diz Guilherme Sahadi, CEO da BullSide Capital.

Dólar recua 0,62%

Após operar entre leve alta e estabilidade no período da manhã, o dólar à vista perdeu força ao longo da tarde e encerrou a sessão cotado a R$ 5,1300, em baixa de 0,62%, com mínima a R$ 5,1220.

A virada no mercado de câmbio doméstico se deu diante da retomada do apetite ao risco no exterior, com alta firme das bolsas em Nova York, na esteira de fala de dirigente do Federal Reserve (Fed, o banco central norte-americano) sugerindo menos espaço para nova alta dos juros.

Foi ventilada também a informação de que o grupo palestino Hamas estaria disposto a negociar uma trégua com Israel. Em pronunciamento, o primeiro-ministro israelense, Benjamin Netanyahu, disse que vai atacar o Hamas com “forças nunca vistas antes”.

Nos primeiros minutos do pregão, o dólar chegou até a ensaiar uma alta firme, com máxima a R$ 5,1824, em meio a temores geopolíticos. Israel responde a ataque do Hamas ao seu território com bombardeio aéreo e bloqueio terrestre à Faixa de Gaza, controlada pelo grupo palestino. Operadores observam que a ausência dos negócios com Treasuries, em razão do feriado do Dia de Colombo nos EUA, diminuiu a liquidez e deixou a formação da taxa de câmbio mais sujeita ao impacto de operações pontuais.

O economista-chefe da Suno Research, Gustavo Sung, observa que o fato de o mercado de Treasuries estar fechado impede uma leitura mais clara dos efeitos do conflito sobre a percepção de risco dos investidores. “De qualquer forma, existe um aumento das incertezas. Dentro de três ou quatro dias, vamos entender o real impacto sobre os ativos. Tudo vai depender se o conflito vai transbordar para outros países do Oriente Médio, como o Irã, já que a região é grande produtora de petróleo”, afirma Sung.

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