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Logística

Caminhão: para driblar greve, empresas e cooperativas montam frotas

Além disso, objetivo é se proteger contra o tabelamento do frete, que pode aumentar os custos de produção em até 120%

A greve dos caminhoneiros deflagrada em todo o território nacional no final de maio de 2018 ainda repercute em alguns segmentos. O agronegócio é um deles. O setor foi um dos mais afetados pela imposição de uma tabela de preços mínimos para os fretes rodoviários, uma das condições do movimento para pôr fim à paralisação que durou 11 dias. Em função disso, é crescente o número de cooperativas e empresas agropecuárias que planejam ampliar a frota própria de caminhões.

 

“A maior parte das cooperativas está estudando essa possibilidade, que ainda não se concretizou totalmente porque o setor está esperando uma posição do Supremo Tribunal Federal (STF) quanto à constitucionalidade da tabela. E por não haver disponibilidade de entrega de caminhões no curto prazo pelas montadoras, apenas para o segundo semestre de 2019”, diz Nelson Costa, superintendente da Organização das Cooperativas do Paraná(Ocepar).

 

Com frotas próprias maiores, as empresas pretendem driblar a incerteza jurídica que se instalou no país após o tabelamento do frete, que aumentou o custo de produção do agronegócio de 50% a 120% com as despesas de transporte.

 

Simulações feitas pela Confederação Nacional da Agricultura (CNA) em junho de 2018 indicavam, por exemplo, que entre Sorriso (MT) e Santos (SP), cujo percurso é de 2.064 km, o frete à época que era de R$ 290,00 por tonelada. Com a tabela, o preço subiria para R$ 437,55 por tonelada (51% a mais). Além disso, no caso não de haver frete de retorno, o acréscimo em relação ao valor praticado seria de 120%, ou frete de R$ 748,00, por tonelada.

 

Décadas atrás, as empresas agropecuárias atuavam com veículos próprios. Mas a profissionalização do agronegócio fez com que focassem apenas na sua atividade principal, terceirizando outras tarefas, como o transporte.

 

“Ainda assim, tanto as empresas agropecuárias quanto as cooperativas mantiveram uma frota que responde entre 25% a 30% das suas necessidades. Agora a intenção é aumentar a quantidade de veículos próprios”, conta Costa.  

 

Maior cooperativa agrícola da América Latina, a Coamo, com sede no município de Campo Mourão, já adquiriu 150 novos caminhões. Outros 150 deverão ser adquiridos ao longo de 2019. Diversas empresas estão seguindo pelo mesmo caminho. A JBS, por exemplo, adquiriu 360 veículos logo após a greve, em junho de 2018. A Cargill  sinalizou que pretende fazer o mesmo.

 

Esse movimento do agronegócio tem contribuído para elevar as vendas de caminhões pesados no País, que, segundo dados da  Associação Nacional dos Fabricantes de Veículos Automotores (Anfavea), cresceram 87% entre janeiro e novembro de 2018 sobre igual período do ano anterior. O modelo de veículo mais utilizado pelas empresas do setor é o bitrem, que custa, em média, R$ 600 mil.

 

No início do mês de dezembro, o ministro do STF Luiz Fux suspendeu as multas para empresas que não cumprem a tabela de preço mínimo para o frete, atendendo a um pedido formulado pela CNA. A decisão, para Rudy Ferraz, chefe da assessoria jurídica da entidade, devolve a segurança jurídica para a cadeia do agronegócio.

 

O impasse, entretanto, está longe de ser resolvido, já que o STF ainda não decidiu sobre a constitucionalidade da tabela. Além disso, a ampliação da frota brasileira pode comprometer ainda mais o equilíbrio do mercado nacional, ao passo que contribuirá para a formação de um excesso de oferta de caminhões no mercado interno, preveem analistas.not

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