Se o transporte de gado em condições normais já requer cuidados específicos, durante a época de chuvas é ainda mais complicado. Isso porque as estradas precárias ficam ainda piores, e os caminhos para chegar às fazendas podem se tornar intransitáveis. Há lugares onde o caminhão nem consegue chegar.
“Então, por isso, é comum em alguns lugares levar o gado a pé até um ponto onde seja possível fazer o embarque para o transporte rodoviário”, conta Mateus Paranhos da Costa, especialista em bem-estar animal e professor do Departamento de Zootecnia da Unesp de Jaboticabal.
Na avaliação do professor, é possível fazer um planejamento para definir o momento mais adequado para o transporte já que todo ano chove mais ou menos na mesma época. “Pode ser que ocorra um fenômeno totalmente inesperado que obrigue as pessoas a resolver conforme as possibilidades, mas isso é incomum”, diz.
Para ele, ainda há falta de uma logística mais eficiente para o transporte de carga viva no país. Os frigoríficos, por exemplo, têm um plano de logística de frios para entregar a carne, mas não tem algo bem estruturado para o transporte de carga viva”, diz.
Segundo ele, o transporte faz parte do processo produtivo e ninguém pode ignorar que é uma etapa estressante para os animais. Paranhos recomenda que seja feito da melhor forma e no menor tempo possível.
“Parece utópico, e é, pois por vezes o preço do gado que está mais distante é mais baixo do que o do gado que está próximo e acaba compensando buscar o animal longe. Nessas condições é necessário assumir a responsabilidade também pelos riscos com viagens longas em estradas não necessariamente bem conservadas. Há um risco, inclusive, para a imagem da cadeia produtiva, pois quando um caminhão tomba na estrada com animais vivos, a confusão é enorme”, avalia.
Além disso, o transporte inadequado pode fazer com que o animal chegue machucado ao frigorífico, e os hematomas e fraturas podem ocasionar perda de carne. Essas perdas podem ocorrer para o dono do boi, para o frigorífico ou para o motorista, dependendo de como foi feita a negociação: “Se a compra foi feita em peso vivo, quem perde é o frigorífico, se a compra foi feita em peso de carcaça quem perde é o dono do boi, e no caso da morte do animal quem é penalizado é o motorista”, explica Paranhos.
Veja as 5 dicas
Rota alternativa
O motorista tem de saber que, se houver um problema na estrada, é possível mudar de trajeto. Para isso é importante dispor de informações sobre fazendas ou outros locais de parada que ofereçam condições para o desenvolvimento de ações efetivas para solucionar os problemas.
Situações de risco
O motorista deve buscar informações com os colegas de trabalho ou com outras pessoas que já viajaram para a mesma localidade sobre possíveis situações de risco. Sempre que possível, deve definir pontos estratégicos para paradas de emergência, que permitam realizar o desembarque ou o transbordo de animais.
Pontos de apoio
Muitas vezes o motorista fica parado com um caminhão quebrado sem ter como resolver o problema porque ele está sozinho. Assim, é preciso saber se haverá pontos de apoio no trajeto. Não adianta ficar parado sem fazer nada. A ação às vezes pode ser o desembarque dos animais, o que, segundo Paranhos, não é fácil porque não há muita estrutura no Brasil. “No passado havia mais pontos de apoio do que existem hoje”, diz.
Bloqueio da estrada ou queda de ponte
O motorista deve procurar um local adequado para estacionar o veículo e, em dias quentes, deve tentar estacionar em um local sombreado. Caso o bloqueio da estrada seja de curta duração, esperar ou avaliar a possibilidade de rotas alternativas. Se não houver previsão para a abertura da estrada ou para o conserto da ponte nem rotas alternativas disponíveis, o motorista deve procurar uma fazenda ou outro local adequado (parques de exposição e locais de leilão de gado) e desembarcar os animais.
Água
Se ficar parado por um longo período, o motorista deve oferecer água para os animais regularmente, mesmo que tenha que levá-la, com uso de uma mangueira, de um a um.