De acordo com um estudo divulgado nesta segunda-feira, 10, pela Confederação de Agricultura e Pecuária do Brasil (CNA), as exportações de soja e milho pelos portos do Arco Norte totalizaram 42,3 milhões de toneladas em 2020, um aumento de 487,5% em relação a 2009.
Entre 2009 e 2020, a produção de grãos acima do Paralelo 16, que engloba as regiões Norte e Nordeste e parte do Centro-Oeste, cresceu 92,6 milhões de toneladas, o que representa uma alta de 165,3%. Nesse mesmo período, o Brasil registrou uma variação de 119,4 milhões de toneladas produzidas e 89,3 milhões de toneladas exportadas.
Em 2020, as regiões acima do Paralelo 16 foram responsáveis por 148,6 milhões de toneladas produzidas, ou seja, 65,3% do total de 227,4 milhões de toneladas produzidas. As regiões abaixo do Paralelo 16 produziram 78,8 milhões de toneladas, segundo dados da CNA.
Em relação às exportações, neste mesmo ano o Brasil embarcou 133 milhões de toneladas de soja e milho. Os portos do Arco Norte responderam por 42,3 milhões de toneladas, o que representa 31,9% do total, enquanto os da região Sul e Sudeste embarcaram 90,4 milhões de toneladas, ou 68,1% do total.
Infraestrutura
Para o vice-presidente da Confederação e presidente da Comissão Nacional de Infraestrutura e Logística da entidade, Mário Borba, o avanço em obras de infraestrutura são de extrema importância para reduzir os custos dos transportes no Brasil.
“A pavimentação da BR-163, que vai do Mato Grosso ao Pará, por exemplo, permitiu a redução dos custos de transporte de grãos em 26%, contribuindo para o envio desses produtos para os portos do Arco Norte”, relata.
Segunda a CNA, a produção de grãos em novas fronteiras agrícolas foi de 8,4 milhões de toneladas por ano, enquanto que a de exportação foi de 3,2 milhões de toneladas ao ano.
“É como se a cada ano fosse criada a necessidade de implantar um terminal com capacidade de 5 milhões de toneladas para atender o desempenho de produção de soja e milho, cada vez mais recorde nos estados de Mato Grosso, Pará, Maranhão, Tocantins e Bahia”, afirma a assessora técnica da Comissão Nacional de Logística e Infraestrutura da CNA, Elisangela Pereira Lopes.
Para a assessora, a pavimentação da BR-163 MT/PA, a drenagem do rio Tapajós e a instalação dos Terminais de Uso Privado e a ampliação dos terminais de grãos no porto de Itaqui, no Maranhão, e dos portos de Belém, contribuíram para avanços expressivos na região.
Elisangela defende que para atender estas evoluções, a CNA apoia as intervenções logísticas, como a implantação da ferrovia Ferrogrão, que vai ligar o porto de Miritituba (PA), ao município de Sinop (MT), do Terminal Portuário de Outeiro (PA) e o derrocamento do Pedral de Lourenço (PA), no Rio Tocantins.
De acordo com o estudo da CNA, a produção de soja e milho abaixo do Paralelo 16 teve alta de 51,5%, um total de 26,8 milhões de toneladas de 2009 a 2020. Já os embarques pelos portos da região das regiões Sul e Sudeste aumentaram 149,7% de 54,2 milhões de toneladas.
“O crescimento das exportações nesses portos foi resultado de investimentos em ampliação, modernização e equipamentos; novos arrendamentos de terminais de grãos; medidas para melhorar a operacionalização (agendamento de caminhões); dragagem para aumentar a profundidade dos canais e acesso aos píeres e melhoria dos acessos terrestres (rodovias e ferrovias)”, diz a assessora.
Os portos que mais embarcaram grãos em 2020 foram Santos com 42,2 milhões de toneladas, representando 31,8% do total, Paranaguá/Antonina, com 22,5 milhões de toneladas e Rio Grande com 12,1 milhões de toneladas nas regiões Sul e Sudeste. No Arco norte, o sistema Belém/Guarajá embarcou 13,7 milhões de toneladas e São Luís/Itaqui/PDM foi responsável por 12,1 milhões de toneladas.
Mapa logístico
Nesta segunda-feira, 10, a CNA também lançou um mapa que retrata a logística nos corredores internos de exportação de soja e milho em 2020 e traz a infraestrutura utilizada para o escoamento da produção pelos modos de transportes rodoviário, ferroviário e aquaviário.
Além disso, o mapa apresenta e compara a movimentação de soja e milho nos portos públicos e terminais privados, alertando à necessidade de ações que ampliem a oferta de serviços portuários no Brasil.
Também estão disponíveis infográficos com informações sobre a matriz de transporte brasileira, a movimentação de produtos pelas ferrovias, o uso dos rios nos transportes de cargas e o potencial de expansão, além de comparativos entre a infraestrutura brasileira e os principais concorrentes no exterior. “É um verdadeiro atlas de logística do setor agropecuário”, diz Elisângela.