Economia

Lula lamenta resultado do PIB e cobra investimentos de empresas

O Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE) informou que o PIB recuou 0,2% no quarto trimestre de 2022

O presidente Luiz Inácio Lula da Silva lamentou, nesta quinta-feira (2), o resultado de 2022 do Produto Interno Bruto (PIB), que é a soma de todos os bens e serviços produzidos no país. O Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE) informou que o PIB recuou 0,2% no quarto trimestre de 2022. No ano, houve crescimento de 2,9%, contra 5%, em 2021.

“A economia brasileira não cresceu nada no ano passado. Então, o desafio que temos é fazer a economia voltar a crescer, e temos que fazer investimentos”, disse ele, em evento de recriação do Bolsa Família, no Palácio do Planalto.

Lula disse que o programa social é uma importante política pública de socorro às famílias em situação de vulnerabilidade e que a solução para a transformação social do país é o crescimento econômico. “Este é o primeiro prato de sopa, de feijão, o primeiro copo de leite, o primeiro pão, o primeiro pedaço de carne. Junto com isso tem que vir a política de crescimento econômico, de geração de emprego e de transferência de renda através do salário, que é o que importa para o trabalhador.”

O presidente argumentou ainda que, caso os investimentos não venham da iniciativa privada, eles devem ser impulsionados pelo governo. “Só vamos gerar emprego se a economia crescer e, para crescer, é preciso investimento privado. Se não houver investimento privado, que haja investimento público. Não queremos que o Estado faça as coisas que o privado tem que fazer, mas, se o governo federal não investir dinheiro como indutor do desenvolvimento, nada vai acontecer”, disse Lula, defendendo investimentos por parte dos bancos públicos e empresas.

Nesse sentido, o presidente criticou o valor pago em dividendos para os acionistas da Petrobras, em 2022, em detrimento dos investimentos que a companhia poderia fazer na indústria do país. No ano passado, os investimentos realizados pela Petrobras totalizaram US$ 9,8 bilhões.

“Não podemos aceitar a ideia da notícia de hoje. A Petrobras entregou de dividendos mais de R$ 215 bilhões, quando deveria ter investido metade no crescimento econômico desse país, na indústria brasileira, na indústria naval e de óleo e gás. Ao invés de investir, ela resolveu agraciar os acionistas minoritários”, acrescentou o presidente. Segundo ele, o pagamento de dividendos superou o lucro da companhia, que chegou ao recorde de R$ 188,3 bilhões em 2022.

Para Lula, a Petrobras deixou de ser uma empresa de desenvolvimento, para ser exportadora de óleo cru. “Não foi para isso que descobrimos o pré-sal. O pré-sal era para termos um passaporte para o futuro do povo e a gente exportasse derivado do petróleo e não óleo cru como estamos exportando”, afirmou. “As empresas brasileiras e os bancos brasileiros têm que pensar neste país para depois pensar no seu lucro ou nos seus acionistas. Vai ser assim daqui para a frente para a gente poder mudar a história do país”, completou o presidente.

Haddad e o PIB

A retração do Produto Interno Bruto (PIB, soma dos bens e serviços produzidos no país) verificada no quarto trimestre do ano passado reflete a desaceleração da economia provocada pelos juros altos, disse o ministro da Fazenda, Fernando Haddad.

“Todo o desafio do Ministério da Fazenda, da área econômica, é reverter esse quadro e promover uma curva ascendente do crescimento do PIB. Neste momento, ela está descendente”, disse o ministro.

Para o ministro Fernando Haddad, a economia está perdendo força por causa das altas dos juros promovidas pelo Banco Central (BC). Embora a taxa Selic (juros básicos da economia) tenha parado de subir em agosto do ano passado, está no nível mais alto desde o início de 2017 e os efeitos de um aperto monetário, no Brasil, levam de seis a nove meses para serem sentidos na economia.

Segundo Haddad, as elevações dos juros foram influenciadas por medidas fiscais adotadas pelo governo do ex-presidente Jair Bolsonaro. Por isso, o ministro considera o crescimento de 2,9% do PIB no ano passado como “em linha com o esperado”.
Harmonização

O ministro voltou a destacar a importância de “harmonizar” as políticas monetária e fiscal, para que a população mais vulnerável seja poupada da desaceleração da economia. “Temos a oportunidade de resolver o quadro neste ano, sem prejudicar a população de menor renda”, disse.

Conforme declarações recentes de Haddad, a harmonização ocorreria da seguinte forma. Os ministérios da Fazenda e do Planejamento tomam medidas para elevar a arrecadação. Em troca, o BC anuncia a possibilidade de começar a reduzir a Selic nos próximos meses. O envio do novo marco fiscal e da reforma tributária ao Congresso também ajudariam nessa missão.

Sobre a política de preços para os combustíveis, o ministro da Fazenda disse que o tema está sendo tratado pelo Ministério de Minas e Energia, mas que a ideia seria encontrar um meio-termo entre a cotação internacional do petróleo e o preço na bomba. “Pretendemos encontrar alternativas para que não pese no bolso do consumidor as eventuais variações de preço internacional, que penalizaram muito o consumidor no último governo”, explicou.