O Mercosul espera assinar, “muito em breve”, um acordo de livre e comércio com a União Europeia (UE). A afirmação foi feita nesta quarta-feira (6) pelo ministro brasileiro das Relações Exteriores (MRE), Mauro Vieira, durante a abertura da 63ª Reunião Ordinária do Conselho do Mercado Comum, no Museu do Amanhã, no Rio de Janeiro.
“Tivemos presente a necessidade de adaptar nossas economias ao novo contexto introduzido pelo acordo. A abertura comercial promovida pelo acordo Mercosul-UE foi concebida e negociada para dar a nossos atores econômicos o tempo necessário para preparar-se. Especialmente na etapa negociadora mais recente, tivemos o cuidado de ampliar as salvaguardas para a implementação dos compromissos assumidos”, afirmou Vieira.
O chanceler considera que o acordo reforçará a identidade do Mercosul como ator econômico global. O tratado resultará, segundo Vieira, na ampliação das exportações e aquisição de tecnologias para aprimorar a competitividade.
O vice-presidente da República e ministro do Desenvolvimento, Indústria, Comércio e Serviços, Geraldo Alckmin, ressaltou que houve avanços importantes nas negociações entre Mercosul e União Europeia.
“Destaco os compromissos de ambos os lados em prol de um entendimento equilibrado no futuro próximo e a partir das bases sólidas que construímos nos últimos meses de engajamento intenso”, disse Alckmin.
Líderes e diplomatas intensificaram, nos últimos dias, as negociações que já duram cerca de 20 anos. No último fim de semana, durante a 28ª Conferência das Nações Unidas para Mudanças do Clima (COP28), em Dubai, nos Emirados Árabes Unidos, o presidente da França, Emmanuel Macron, mostrou-se contrário a um acordo. No entanto, dias depois, o presidente Luiz Inácio Lula da Silva disse ter esperança na conclusão de um acordo.
Cúpula de líderes
Nesta quarta e na quinta-feira (7), ocorrem reuniões de cúpula de autoridades do Mercosul. No primeiro dia de encontros, participam ministros das Relações Exteriores, das áreas econômicas e presidentes de Bancos Centrais dos países. Representam o Brasil o vice-presidente Alckmin, o chanceler Mauro Vieira e a ministra do Planejamento e Orçamento, Simone Tebet. Na quinta-feira, haverá o encontro de chefes de estado.
O ministro da Fazenda, Fernando Haddad, era esperado no Rio de Janeiro nesta quarta-feira. Mas, de acordo com nota do ministério, ficou em Brasília, onde “se dedicará aos temas da agenda econômica ainda pendentes no Congresso Nacional”. Haddad retornou ao Brasil nesta madrugada, após viagens por países do Oriente Médio e Alemanha.
Argentina
Além do tema UE, outra expectativa que cerca a reunião é a postura da Argentina em relação ao Mercosul. Esta é a última reunião do bloco antes da posse do presidente eleito Javier Milei, marcada para o domingo (10). Milei defendeu a saída da Argentina do bloco durante a campanha, mas recuou da ideia e passou a defender apenas mudanças.
Chamou a atenção o fato de a Argentina não ter enviado ministros ao Rio de Janeiro. Está presente no encontro apenas a secretária de Relações Econômicas Internacionais do Ministério das Relações Exteriores, embaixadora Cecília Todesca Bocco.
Mercosul
O Mercosul é um processo de integração regional iniciado em 1991, formado inicialmente pelo Brasil, Argentina, Paraguai e Uruguai. Nas décadas seguintes foram aprovados os ingressos da Venezuela e Bolívia. Desde 2017, a Venezuela está suspensa pelo não cumprimento de cláusulas democráticas do bloco. A Bolívia ainda não concluiu o processo de ingresso, mas já teve a chancela dos parlamentos dos demais sócios. São países associados Chile, Colômbia, Equador, Guiana, Peru e Suriname.
O bloco abrange uma área de 14.869.775 quilômetros quadrados – o Brasil detém 57% – e uma população de 295 milhões de habitantes, sendo mais de 200 milhões de brasileiros.