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Diversos

'O BC demorou muito para aumentar a Selic', afirma economista

"É necessário que o Banco Central tome medidas mais duras, elevando a taxa de juros, tornando menos atrativa a captação de capital pelas empresas", alerta Paulo Dutra Constantin (Faap)

A projeção oficial do Produto Interno Bruto (PIB) para este ano recuou de 5,28% para 5,27%, de acordo com o último relatório Focus, do Banco Central. Já o IPCA, índice que mede a inflação do país, passou de 7,05% para 7,11%. O câmbio, por sua vez, permanece em R$ 5,10, bem como a taxa básica de juros (Selic) permaneceu em 7,50% — patamar que deve se manter no próximo ano.

A expectativa para o PIB, em 2022, teve mais um recuo no Focus, desta vez, de 2,04% para 2%. Para o câmbio, a tendência é que se mantenha com pouca elevação: R$ 5,20. Já o IPCA deve subir de 3,90% para 3,93%.

O coordenador do curso de Ciências Econômicas da Faap, Paulo Dutra Constantin, destaca que o governo subestimou os efeitos da pandemia do novo coronavírus, apostando numa retomada mais acelerada da atividade econômica. “Isso teve várias implicações”, pontua.

“Alguns países voltaram a crescer mais rápido, principalmente a China, que demanda uma grande quantidade de commodities — e são justamente essas commodities que pressionam a inflação mundial”, analisa Constantin. “Hoje nós temos, nos EUA, uma inflação acima de 5% ao ano”, acrescenta.

“Mesmo que não tivéssemos nossa moeda desvalorizada em relação ao dólar já sofreríamos o impacto inflacionário”, observa o especialista. “O Banco Central demorou muito tempo para aumentar a taxa de juros”, afirma.

Constantin defende que, na primeira reunião anual do BC, a taxa de juros devia ter sido elevada em 1%, com reduções graduais nas reuniões seguintes. “É uma inflação persistente. Ela vem de fora”, frisa o especialista, explicando que não se trata de uma inflação de demanda interna, mas de custos que são repassados aos preços.

“As taxas de juros, no ano, já estão acima de 10%. Nós não fizemos o dever de casa. Os setores já não confiam mais nessa política macroeconômica — estão apostando contra o governo. Isso vai enfraquecer o crescimento econômico deste e do próximo ano”, diz o professor da Faap.

Em relação ao setor de agronegócios, Constantin observa que há o agravante da estiagem, que impacta a produção agrícola. Também cita o aumento de custo da energia elétrica. “A inflação vem de forma persistente e elevada, junto a uma quebra de safras, há pressão sobre os preços”, pontua, lembrando que não se trata de inflação de demanda porque a população não tem capacidade de consumo.

“É necessário que o Banco Central tome medidas mais duras, elevando a taxa de juros, tornando menos atrativa a captação de capital pelas empresas. Ou seja, o horizonte a curto e médio prazo é de aumento da taxa de desemprego e redução da taxa de crescimento”, prevê.

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