O primeiro passo para mudar a forma de produzir é mudar de atitude. E é através do ingresso em um grupo de ovinocultores que fazem parte do programa Juntos para Competir, iniciativa da Federação de Agricultura do Rio Grande do Sul (Farsul), Senar e Sebrae, que o pecuarista Alexandre Scherer, de São Sepé (RS), está aprendendo novas práticas e garantindo maior lucratividade com um rebanho menor de ovelhas.
Graças à adesão ao Juntos para Competir, os produtores recebem gratuitamente, em parceria com Sindicatos Rurais, Emateres e outras entidades, orientação técnica e capacitação para a adoção de novas técnicas de manejo e gestão de propriedades. Agrônomos e veterinários realizam cursos com grupos de produtores e acompanham as mudanças nas propriedades rurais, incentivando a aplicação de inovações.
A principal mudança adotada por Alexandre foi a antecipação do encarneiramento – fase de acasalamento das ovelhas. Geralmente as fêmeas eram liberadas para a prenhez apenas aos 12 meses, mas uma alimentação reforçada, cuidados com a saúde dos animais e acompanhamento técnico vêm permitindo que o cruzamento comece a partir dos seis meses de idade.
O pastejo rotacionado e com horário é outra das novidades implementadas pelos técnicos do Juntos para Competir.
– Se a ovelha fica o dia todo no pasto, ela vai comer, encher a barriga e deitar para ruminar – o que acaba estragando a pastagem. Quando se adota o pastoreio-horário – liberação na pastagem por apenas uma ou duas horas por dia -, temos um aproveitamento melhor do pasto em um menor espaço. Outro benefício é que, se a ovelha comer demais durante a gestação, o carneiro fica muito grande, o que dificulta o parto – explica Marlise Germer, consultora técnica do Juntos para Competir.
Para ampliar ainda mais a produtividade de seu rebanho de ovinos de corte Alexandre está selecionando, com supervisão de veterinários, animais que nascem de parto duplo ou triplo. Tradicionalmente os produtores acreditavam que partos múltiplos geravam carneiros mais fracos, mas com alimentação adequada é possível garantir a gêmeos e até trigêmeos o mesmo desenvolvimento dos animais que nascem de parto individual.
– Nós vamos selecionando as borregas que nasceram gêmeas, porque essa é uma característica genética e de alimentação. Elas são cruzadas com carneiros que nasceram de parto duplo, e isso vai reforçando a genética de partos múltiplos do rebanho – explica Alexandre.
Na área gerencial o projeto oferece acompanhamento para que os produtores entendam a ovinocultura como um negócio dentro da propriedade.
– O produtor aprende a fazer levantamentos financeiros, estabelecer metas e indicadores que vão qualificar a gestão – explica Lidiane Soldatti, gestora de projetos do Sebrae.
O resultado é a obtenção de mais animais em um espaço de tempo menor, permitindo ao produtor o melhor gerenciamento financeiro de seu negócio e a adoção de uma postura empreendedora que garante o crescimento de sua renda.
– Meu pai criava, meus avós criavam, mas mais voltados para a lã. A quantidade do rebanho era um pouco maior, de 100 a 120 animais. Hoje temos de 50 a 70 animais, mas com uma qualidade bem superior à que se tinha antigamente. A rentabilidade hoje é maior do que a que gente tinha com mais animais – comemora Alexandre.