MERCADO FUTURO

Preço do gás natural atinge níveis mais baixos desde 1990

Inverno mais quente e produção acima da média nos Estados Unidos explicam a queda nos patamares do produto

gás natural da Petrobras
Foto: Petrobras

Ajustados pela inflação, os futuros de gás natural recentemente atingiram os preços mais baixos desde o início das negociações na Bolsa de Nova York em 1990.

A produção expressiva dos Estados Unidos e o inverno mais quente pressionam as cotações, o que tende a ser bom para consumidores norte-americanos e empresas que usam gás natural na produção de materiais básicos como aço, concreto, papelão e fertilizantes.

Entretanto, o recuo afeta os produtores de gás, que reduzem seus planos de perfuração e pressionam por mais exportações para aliviar o excesso doméstico.

Preços do gás

Os futuros de gás natural para entrega em março encerraram a semana passada a US$ 1,603 por milhão de unidades térmicas britânicas (MMBtu, em inglês), queda de 35% em relação ao ano anterior.

Na terça-feira, fecharam a US$ 1,576, a mínima histórica ajustada pela inflação. Além do recuo abaixo de US$ 1,50 em 2020, com a Covid-19, os preços não estavam tão baixos em termos nominais desde 1995. Ajustado pela inflação, no entanto, US$ 1,50 hoje seria cerca de US$ 3 naquela época.

Os preços do gás nos EUA têm sido uma montanha-russa nas duas décadas desde que os produtores de energia começaram a explorar formações de xisto usando técnicas de fraturamento hidráulico e perfuração horizontal. Repetidamente, os “frackers” inundaram o mercado de gás até que os preços despencassem.

Os preços baixos desencorajam a perfuração, levam ao fechamento de poços insignificantes e eliminam operadores ineficientes. Eventualmente, o gás barato estimula a demanda, os preços se recuperam e os produtores enviam plataformas de perfuração de volta ao campo.

Produção nos Estados Unidos

Atualmente, a produção diária dos Estados Unidos caiu para cerca de 104 bilhões de pés cúbicos neste mês, em comparação com um recorde de mais de 106 bilhões de pés cúbicos em dezembro, mas ainda é 3,3% maior do que em fevereiro do ano passado, segundo a S&P Global Commodity Insights.

Todo o gás que não está sendo queimado em fornos e caldeiras se acumula em instalações de armazenamento, que até 16 de fevereiro continham 22% gás a mais do que a média de cinco anos para esta época do ano, de acordo com a Administração de Informações sobre Energia.

Enquanto isso, a demanda tem sido excepcionalmente baixa, com grandes mercados, como Minneapolis, Cleveland, Pittsburgh e Fargo enfrentando um dos invernos mais amenos já registrados, que remontam a 1950, segundo o Midwestern Regional Climate Center.

Meteorologistas do JP Morgan esperam que fevereiro tenha cerca de 21% menos graus-dias de aquecimento – uma medida ponderada de temperaturas abaixo de 65 graus Fahrenheit (18,3º C) que os comerciantes de gás usam para avaliar a demanda – em comparação com a média de dez anos.

A Chesapeake, uma das maiores produtoras do país, disse na semana passada que cortaria seus gastos para 2024 em 20% em relação aos planos anteriores e reduziria a produção em cerca de 20% em comparação com o ano passado.

Já a empresa de Oklahoma City contou que perfuraria, mas não completaria poços pelo restante do ano, deixando o gás no solo até que os preços subissem. Analistas e executivos esperam que isso aconteça no final deste ano e em 2025, quando a próxima onda de novos terminais de exportação começa a enviar gás natural liquefeito (GNL).