O casal de produtores Flávio Franklin e Elizabete de Souza administra uma propriedade de 6 hectares no núcleo rural Barra Alta (região administrativa de Planaltina). Donos de algumas cabeças de gado, eles aderiram ao programa Brasília Leite Sustentável (BLS) no final de 2012. Naquela época, Flávio conseguia tirar aproximadamente 35 litros de leite por dia. Hoje, a produção já chega a 100 litros, e a meta é chegar a 300 em dois anos.
A experiência foi selecionada pelo Ministério do Desenvolvimento Agrário (MDA) para integrar o “Caderno de Boas Práticas de Ater na Agricultura Familiar e Reforma Agrária”, que será lançado em 2016.
De acordo com a coordenadora do Programa de Leite da Emater-DF, Flávia Lage, a escolha feita pelo MDA é um reconhecimento de que a empresa distrital está no caminho certo. “Os resultados da atividade leiteira são medidos a médio e longo prazo. O trabalho realizado na propriedade de Flávio Franklin demonstra que a junção do conhecimento técnico do extensionista com a sabedoria do produtor pode render bons frutos”, diz ela.
O acompanhamento ao produtor Flávio Franklin é feito pelo zootecnista Ricardo Magalhães Luz e pela médica veterinária Adriana Ribeiro Lélis. “Desde o começo, mostramos ao Flávio a importância de medir e registrar todos os dados técnicos da atividade”, comenta Adriana. A técnica escolhida em conjunto com o produtor foi a do pastejo rotacionado, que permite a produção durante todo o ano. “A propriedade tinha problemas relacionados à falta de água e alimentação dos animais. Isso foi levado em consideração para a adoção dos métodos”, afirma a veterinária.
Para o zootecnista Ricardo, as unidades demonstrativas do Brasília Leite Sustentável — das quais a de Flávio Franklin é um modelo — foram importantes para dar mais credibilidade à cadeia produtiva de leite no Distrito Federal: “Estamos provando que é possível ganhar dinheiro com essa atividade. Os dados zootécnicos e financeiros têm permitido uma gestão mais eficiente das propriedades”.
Para Flávio Franklin, aderir ao BLS foi uma oportunidade de se fixar como produtor rural. “Antes eu trabalhava para terceiros, hoje sou meu próprio patrão. Com o dinheiro adquirido, fiz melhorias na propriedade. O próximo passo é reformar a casa”, planeja.
Com apenas dois meses de implantação do projeto, a produção de leite saltou de 35 para 55 litros diários, um aumento de 83%. “Hoje sei quanto custa o meu produto, consigo negociar em melhores condições”, completa.
O Brasília Leite Sustentável surgiu da necessidade de melhorar o planejamento e o gerenciamento da atividade, visando a profissionalização do pequeno produtor. “A adesão é voluntária, e o comprometimento do produtor é fundamental na realização do controle zootécnico e financeiro. A meta é aumentar a participação da produção local no mercado do DF, fazendo com que os produtores tenham mais renda”, explica Flávia.
A Emater-DF planeja agora a formação de um grupo de produtores na região de Tabatinga que devem trabalhar com inseminação artificial. O objetivo é melhorar a genética dos animais e, consequentemente, aumentar a produção leiteira.
O BLS é promovido pela Emater-DF e conta com o apoio da Secretaria de Agricultura e Desenvolvimento Rural (Seagri), Senar-DF, Federação de Agricultura e Pecuária do DF (Fape-DF), Câmara Setorial do Leite (CSL-DF) e a Cooperativa Agropecuária de São Sebastião (Copas).