ANÁLISE

Questão ambiental será esvaziada com Trump, mas economia vai beneficiar o Brasil, diz Daoud

Agenda pró-petróleo é marca do novo mandatário. Ao mesmo tempo, país é o segundo maior parceiro econômico do Brasil, o que tende a continuar

miguel daoud - china - autoembargo
Foto: Canal Rural/reprodução

Os Estados Unidos são o segundo maior emissor de gases de efeito estufa do mundo, atrás apenas da China. Relatório do centro de pesquisas Rhodium Group, de Nova York, mostrou que o país reduziu em apenas 0,2% a sua pegada de carbono em 2024 em relação ao ano retrasado.

Assim, os esforços estão muito aquém do estabelecido no Acordo de Paris, tratado em que os norte-americanos se comprometeram a diminuir as emissões pela metade até 2030 em comparação ao que poluíam em 2005.

Agora, com a posse de Donald Trump nesta segunda-feira (20), a expectativa é de estagnação ou, até mesmo, retrocesso. Isso porque o novo mandatário é defensor confesso de matérias-primas poluentes, como o petróleo.

Reflexos da agenda de Trump

O comentarista do Canal Rural Miguel Daoud destaca que a nova agenda trumpista já traz reflexos claros: os bancos europeus estão abandonando investimentos em pautas verdes por conta da posição de instituições financeiras norte-americanas que se sentem desmotivadas a considerarem altos aportes em ações ambientais.

Isso porque o novo presidente enxerga a descarbonização como obstáculo ao crescimento e tem como cerne de seu mandato a resturação da autoestima dos norte-americanos.

“Trump promete os Estados Unidos em primeiro lugar e o país vai continuar sendo a grande nação militar e econômica do mundo […]. Por isso que firmou parceria com grandes bigtechs e tem nas maiores plataformas digitais [como X, de Elon Musk; e Meta, de Mark Zuckerberg] grandes aliadas. A ideia dele e que já está dando resultado é que, quando se olha o mercado futuro, as taxas de juros nos Estados Unidos já estão subindo, o que significa, no curto prazo, é que vai haver uma valorização do dólar”.

Daoud considera que, com isso, o poder de compra do norte-americano tende a aumentar, revertendo uma das principais queixas dos cidadãos, conforme pesquisas: a alta da inflação. “Assim, ele vai conseguindo ganhar pontos junto ao povo norte-americano”.

Para o comentarista, a presidência de Donald Trump será positiva ao Brasil. “Os norte-americanos são o nosso segundo maior parceiro comercial. Em 2024, o déficit na balança comercial foi muito pequenininho, portanto, vejo com muito otimismo Donald Trump para o Brasil, independente do que muitos dizem, afirmando que o Brasil vai sofrer com isso”

A Câmara Americana de Comércio para o Brasil (Amcham Brasil) mostrou em relatório recente que o comércio bilateral entre as duas nações somou US$ 80,9 bilhões em 2024, o segundo maior valor da série histórica.