O novo aumento no preço do diesel nas refinarias, anunciado nesta segunda-feira (9), pela Petrobras, foi “absolutamente necessário” para evitar um desabastecimento do combustível no mercado brasileiro, afirmou o presidente da Federação Nacional do Comércio de Combustíveis e de Lubrificantes (Fecombustíveis), Paulo Miranda.
“Nós já estamos passando por um processo de racionamento seletivo. O Brasil tem 41 mil postos, mais ou menos 20 mil postos com a bandeira branca (marca própria), e os bandeiras brancas são atendidos por companhias distribuidoras menores, distribuidoras regionais, pequenas. Essas distribuidoras já não estão conseguindo importar o produto, o óleo diesel”, relatou Miranda. “Tem muito posto bandeira branca que não está conseguindo comprar óleo diesel”, completou.
Miranda defende que os preços dos combustíveis praticados no mercado doméstico precisam acompanhar os do mercado internacional para afastar o risco de desabastecimento.
“O que é melhor, você pagar mais caro ou você não ter o produto para consumir?”, questionou o presidente da Fecombustíveis.
A Petrobras informou que elevará o preço do óleo diesel nas refinarias na terça-feira em cerca de 8,87%. O preço médio de venda de diesel para as distribuidoras passará de R$ 4,51 centavos para R$ 4,91 por litro, R$ 0,40 centavos a mais. Os preços de gasolina e do GLP (gás liquefeito de petróleo) permanecerão, por ora, inalterados.
A companhia justificou o aumento ressaltando que o megarreajuste feito em 11 de março “refletia apenas parte da elevação observada nos preços de mercado” e que, no momento, há uma redução mundial na oferta de diesel, o que pressiona os preços globalmente.
O novo reajuste deve chegar integralmente às bombas dos postos de combustíveis, prevê Miranda.
“Sem dúvida, porque já tem um bom tempo que não subia. Com esse aumento, em 2022 a gente vai estar somando uns quase 40% de aumento no preço do diesel (nas refinarias), mas, infelizmente, não tem outra alternativa”, lamentou. “Acredito que ainda não vai cobrir totalmente a defasagem (em relação ao preço internacional)”, acrescentou.
No caso da gasolina, a Fecombustíveis não ouviu relatos de problemas ou eventuais riscos de abastecimento nos postos de combustíveis pelo país, uma vez que a produção doméstica tem melhores condições de atender à demanda interna. Miranda disse que a gasolina vinha aumentando continuamente ao consumidor devido ao encarecimento do anidro, que entra na mistura do combustível nas bombas. Ele diz que ainda assim há defasagem em relação ao preço internacional e eventuais novos reajustes da gasolina nas refinarias dependem de questões políticas.
“Aí é uma decisão puramente política, porque existe defasagem no preço da gasolina sim, mas o presidente Jair Bolsonaro está dando todo dia briga com a Petrobras, então não sei como vai ficar. A decisão é política”, opinou Miranda, sobre a possibilidade de novos reajustes da gasolina nas refinarias da Petrobras.
A Petrobras informou que suas refinarias operavam com utilização de 93% da capacidade instalada no início de maio, ou seja, perto do nível máximo, mas ainda aquém da demanda doméstica, fazendo com que cerca de 30% do consumo brasileiro de diesel fosse atendido por outros refinadores ou importadores.