Em meio aos impactos de uma crise no sistema bancário global e aguardando a definição do arcabouço fiscal, o Comitê de Política Monetária (Copom) do Banco Central (BC) começa nesta terça-feira (21) a segunda reunião do ano para definir a taxa básica de juros, a Selic. Na quarta (22), ao fim do dia, o Copom anunciará a decisão.
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É quase consenso no mercado que a Selic deverá permanecer em 13,75% ao ano. As atenções se voltam para o comunicado do Copom. Após a forte pressão exercida por parte do governo sobre o atual patamar das taxas de juros, o mercado espera pelo tom a ser adotado pelos membros do colegiado.
Em entrevista à Agência CMA, a economista do Banco Ouroinvest, Cristiane Quartaroli, aposta em manutenção da Selic. Apesar da crise bancária, da expectativa com o novo marco fiscal e da pressão política por taxas mais baixas, a economista lembra que tecnicamente não há fatores que indiquem um corte, reforçando que desde o encontro anterior não houve alterações nos índices e que a inflação segue uma ameaça. Para ela, o momento é de cautela.
A XP afirmou que desde a última reunião do Copom, o cenário, tanto global quanto doméstico, teve significativa piora, como a crise nas Americanas e no Silicon Valley Bank (SVB). Neste contexto, a companhia projeta um Índice Nacional de Preços ao Consumidor Amplo (IPCA) de 5,7% em 2023 e 3,5% em 2024, ambos com revisão +0,1% desde a última projeção.
A empresa também acredita a Selic permaneça em 13,75% até o final do ano corrente, mas entende que o comunicado a ser divulgado nesta quarta, após a reunião do Copom, deixe as portas abertas para futuros cortes.
Copom e taxa Selic
O Copom deve manter a taxa Selic estável em 13,75% ao ano, a fim de assegurar a convergência da inflação para a meta no horizonte relevante de política monetária. A previsão é da equipe de economistas do Itaú.
“Estimamos que as projeções de inflação do comitê no cenário de referência (que inclui taxa de câmbio seguindo a paridade do poder de compra e taxa de juros de acordo com a pesquisa Focus) devam avançar em todo o horizonte relevante, de 5,6% para 5,8% em 2023 e de 3,4% para 3,5% em 2024”, projeta a instituição financeira.
Na avaliação do Itaú, o Copom deve reforçar a sinalização de manutenção da postura vigilante da política monetária, com intuito de perseverar no processo de desinflação até que a convergência às metas e ancoragem das expectativas sejam alcançadas, e que não hesitará em retomar o ciclo de ajuste caso o processo de desinflação não transcorra como esperado.
De acordo com o Paraná Banco Investimentos, a taxa deverá ser mantida em 13,75%. Para Pedro Oliveira, tesoureiro da instituição, o Copom terá dificuldades de reduzir a taxa de juros este ano.
“O Banco Central tem uma meta de inflação a cumprir, que é de 3,25% em 2023 e 3% em 2024-2025, porém as expectativas inflacionárias seguem acima da meta. Tanto o Focus quanto os modelos do Bacen estão com expectativas inflacionárias acima da meta para os próximos 2 anos; ou seja, para atingir o centro da meta, o Copom deverá manter a Selic inalterada, pelo menos até final de 2023”, disse Oliveira.
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Editado por: Anderson Scardoelli.
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