TARIFAS DE 25%

Taxa do aço: setor de máquinas agrícolas do Brasil pode se beneficiar com medida de Trump

Avaliação é do superintendente de mercado da Abimaq, Marcos Perez; comentarista Miguel Dauod vê a ação de Trump como um discurso de campanha

SETOR DE SIDERURGUA BRASIL
Foto: EBC Agência Brasil

Já estão em vigor as tarifas de 25% sobre importações de aço e alumínio dos Estados Unidos, sem exceções ou isenções, para todos países exportadores. O Brasil, que é o segundo maior fornecedor dessas commodities para o mercado norte-americano, deve ser impactado – e, no caso do setor de máquinas agrícolas, possivelmente de forma positiva.

O superintendente de Mercado Interno da Associação Brasileira de Indústrias e Equipamentos (Abimaq), Marcos Perez, afirmou que essa medida pode beneficiar a exportação de máquinas agrícolas brasileiras para os Estados Unidos, já que os equipamentos norte-americanos podem ser prejudicados pela alta dos preços.

“A competitividade das máquinas produzidas nos Estados Unidos será comprometida. Se isso acontecer no mercado americano, vai favorecer outros mercados. Então, não tem como o americano sair do fornecedor brasileiro e ir para o fornecedor turco, pois todos foram afetados”, disse Perez.

O superintendente lembra também que a medida vai afetar principalmente o aço semiacabado. “O Brasil exporta para os Estados Unidos um tipo de aço que precisa ser finalizado (laminado quente) e a outra parte (laminado frio) é acabada nos EUA em operações que, muitas vezes, são joint ventures em empresas de um mesmo grupo”.

Maior produtor de aço e alumínio do planeta

Durante participação na edição desta quarta-feira (12) do telejornal Mercado & Companhia, o comentarista do Canal Rural, Miguel Dauod, reiterou que a China, como maior produtora de aço e alumínio do mundo, pode fornecer os materiais com preços melhores, apesar da aplicação da taxa.

“Hoje, a China produz mais aço e alumínio que todos os outros países produzem. Então, sem dúvida nenhuma, os chineses tem uma uma super-oferta e eles podem tomar conta do mercado, mesmo com a taxa imposta pelos EUA, colocar os produtos no mercado americano mais barato. Mas a gente sabe que o calcanhar de aquiles de Donald Trump é com a China, então, temos que ver isso com atenção” afirmou Dauod.

Negociação

O comentarista elogiou a postura adotada pelo ministro da Fazenda, Fernando Haddad, que disse hoje, após um encontro com representantes da indústria siderúrgica brasileira, que não vai retaliar os americanos pois tem a intenção de negociar.

“O caminho correto é haver o estabelecimento de algumas cotas, negociando a questão do açúcar. Nós temos que ganhar tempo, pois a gente sabe que a decisão do presidente dos EUA é para atender o discurso de campanha. Portanto, a estratégia do Brasil é coerente”, detalhou Dauod.