Um grupo de investidores internacionais, que reúne fundos dos Estados Unidos, Europa e Ásia e controla mais de US$ 3 trilhões, está preocupado com o avanço do desmatamento no Brasil. O grupo solicitou reunião nesta segunda-feira, 22, reuniões com embaixadores brasileiros para discutir as políticas ambientais adotadas no país.
Segundo eles, o Brasil tem um papel histórico de liderança no combate ao desmatamento, ao mesmo tempo em que oferece condições favoráveis para negócios e investimentos. “No entanto, a escalada do desmatamento nos últimos anos, combinada com relatos de um crescente enfraquecimento das políticas ambientais e de direitos humanos e o esvaziamento do órgãos de fiscalização estão criando uma incerteza generalizada sobre as condições para investir ou fornecer serviços financeiros ao país”, dizem.
As instituições dizem que estão preocupadas com o avanço do projeto de lei 2.633 de 2020, que trata da regularização fundiária. Para eles, caso a medida seja aprovada, vai incentivar a ocupação ilegal de terras públicas e o desmatamento generalizado, o que colocaria em risco a sobrevivência da Amazônia e o cumprimento das metas do Acordo de Paris.
Por fim, o grupo ressalta que quer continuar investindo no Brasil e ajudar a mostrar que o desenvolvimento econômico e a proteção do meio ambiente não precisam ser mutuamente exclusivos. Assim, solicitam que o governo do país demonstre um claro compromisso com a eliminação do desmatamento e a proteção dos direitos dos povos indígenas.
Qual a consequência disso?
De acordo com o comentarista Miguel Daoud, essa notícia pode gerar um impacto no agronegócio brasileiro. “Neste momento, os grandes países estão buscando uma proteção dada a incerteza da pandemia. Estão armazenando alimentos. A tendência da economia mundial será de um fechamento cada vez maior dos países e o agro brasileiro exporta para mais de 150 países. Esse fundo coloca o investimento no Brasil uma exigência que todos os grandes fundos fazem e essa reclamação alerta para os outros países que vão se proteger, e podem fazer um boicote ao Brasil não por questão ambiental, e sim para haver uma queda de preços com um eventual bloqueio das exportações”, disse.
Segundo ele, o governo brasileiro precisa se esforçar para trabalhar a imagem externa do país, e não se preocupar tanto com discussões domésticas. “Eu entendo que temos dificuldades com multas arbitrárias, mas o Brasil é o único país do mundo com um código ambiental. (…) Se eu fosse do governo, levaria essa imagem de um país que pensa no meio ambiente, que tem uma legislação forte e pune”, finalizou.