O noticiário de Brasília nesta semana foi praticamente todo em cima da nomeação de Alexandre Ramagem como diretor-geral da Polícia Federal. O ato do presidente da República foi contestado pelo ministro do Supremo Tribunal Federal, Alexandre de Moraes, o que fez com que o governo revogasse a nomeação e gerasse um embate entre os poderes.
Bolsonaro chegou a questionar publicamente qual o motivo de Ramagem poder ocupar o cargo de chefia na Agência Brasileira de Inteligência (Abin) e não ser apto para comandar a Polícia Federal. Segundo o comentarista do Canal Rural, Alexandre Garcia, o presidente tem citado também o artigo 2º da constituição que fala da independência entre os poderes.
“Vivemos uma situação que há pouco tempo um juiz substituto de Sobral, no Ceará, cancelou uma nomeação do presidente da República para dirigir o Instituto Palmares. São coisas esquisitas que estão acontecendo. No caso do ministro Alexandre de Moraes, a alegação é de impessoalidade de que Bolsonaro e Ramagem são amigos. Segundo o presidente, são amigos recentes, já que o delegado é tão bom que foi escolhido para dar proteção ao presidente da República”, avaliou.
Alexandre Garcia lembra que a proximidade entre presidentes e indicados não é novidade em Brasília. “O próprio ministro Alexandre de Moraes é amigo do ex-presidente Michel Temer e foi indicado por ele. Advogado do PT, Dias Toffoli foi indicado por Lula, assim como o advogado do ex-presidente, Fernando Henrique, Gilmar Mendes, foi também indicado. Já o ministro Marco Aurélio Mello é primo do presidente que o indicou, Collor de Mello”.
Para Alexandre Garcia, o que está se colocando na mesa é uma suspeita. “É muito grave a gente imaginar que a decisão do ministro do Supremo foi um pressuposto, na base da ‘bola de cristal’. Um pressuposto de que o presidente ao nomear esse delegado poderia fazer alguma associação criminosa para a prática de algum crime. É uma coisa muito estranha”, finaliza.