Os reflexos do coronavírus nos preços da arroba do boi gordo até o momento foram irrelevantes, afirma o analista de mercado Leandro Bovo, da Radar Investimentos. Segundo ele, o problema na China, por enquanto, é muito mais na logística do que na demanda. “Os trabalhadores não estão podendo ir aos portos, por conta de restrições no fluxo de pessoas, o que causa demora no desembarque dos produtos”, comenta.
Para o ex-secretário de Política Agrícola do Ministério da Agricultura, Benedito Rosa, o problema na China será administrado e o impacto sobre as exportações nos próximos meses não será grave. “A China não permitirá que o que acontece em Hong Kong se espalhe. Passados os problemas iniciais, ela deve melhorar o abastecimento”, diz.
Bovo adianta que os embarques este mês estão menores do que o pico registrado em novembro e dezembro do ano passado, mas isso já era esperado. “E não só pelo coronavírus, mas pelo feriado do Ano Novo Chinês. O volume no início do ano não costuma ser tão alto”, diz.
De acordo com o analista, a demanda chinesa não deve atingir um nível semelhante ao do ano passado no curto prazo. “Porém, temos o dólar jogando ao nosso favor, o que deixa nossa carne ainda mais competitiva”, diz Bovo.
Outro fator altista, conforme explica o analista de mercado, é a oferta enxuta de boi gordo no Brasil. “Reposição caríssima e pasto com ótima qualidade. O produtor tem a bola no campo dele, pode decidir se quer vender ou não”, afirma.
Por outro lado, Bovo destaca que o mercado interno apresenta dificuldades para absorver altas muito significativas nos preços, como as de novembro e dezembro.