Agronegócio

'Aumento dos depósitos bancários pode elevar em 40% o crédito agrícola'

Miguel Daoud explica a relação entre essas duas operações bancárias e o que o produtor rural pode esperar 

A queda expressiva das bolsas e alta do dólar fizeram disparar a busca por depósitos bancários no Brasil. De acordo com as quatro principais instituições financeiras, a procura pela operação em março foi a maior dos últimos seis anos. O itaú unibanco, Bradesco, Santander e Banco do Brasil encerraram o primeiro trimestre com um total de depósitos à vista e prazo de R$ 1,844 trilhão, um crescimento de 10,9% em três meses.

Como parte desse valor depositado deve ser disponibilizado pelas instituições financeiras para o crédito rural, a expectativa é de que esse valor seja maior na próxima temporada, avalia o comentarista Miguel Daoud. “O Manual de Crédito Rural estabelece que 30% dos depósitos à vista devem ser destinados, pelas instituições financeiras, ao crédito rural. Se tivemos um aumento de quase 40% nos depósitos compulsórios, sem entrar em detalhes nos critérios do Banco Central sobre a média desses depósitos, acredito em um aumento na casa dos 40% desse valor”, disse.

Segundo Daoud, houve uma ‘fuga’ dos investidores para o Certificado de Depósito Bancário (CDB) e outros títulos, que são caracterizados como depósito compulsório. “O crédito agrícola deve crescer nesta ordem também, porque as instituições financeiras são obrigada a colocar a disposição do produtor rural”.

Agora, segundo Daoud, resta saber qual taxa de juros será aplicada neste serviço. “Os produtores rurais não estão tendo nenhum benefício advindo da crise atual. Parece que o produtor rural não faz parte desse país, pois outros setores estão sendo socorridos. A gente vê a balança comercial, e 60% vem do agronegócio”, diz.