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Aumento na exportação da carne não compensou perda com venda de soja em 2019

De acordo com o secretário de Comércio Exterior, as principais influências negativas vieram da Argentina e da China, ainda por conta da peste suína

O aumento da exportação da carne no fim de 2019 não foi suficiente para conter o prejuízo da queda dos embarques da soja no acumulado do ano, revelou nesta quinta-feira, 2, o Ministério da Economia durante a divulgação da balança comercial de 2019.

A balança comercial brasileira teve, em 2019, o menor superávit desde 2015. O saldo ficou positivo em US$ 46,674 bilhões, 19,6% abaixo do registrado em 2018. Segundo o Ministério da Economia, o resultado é explicado pelas quedas tanto no valor das exportações quanto das importações.

De acordo com o secretário de Comércio Exterior, Lucas Ferraz, as principais influências negativas vieram da Argentina e também da China, ainda por conta de reflexos da febre suína. No ano de 2019, somente as importações de soja tiveram uma queda de R$ 6,7 bilhões.  O grão utilizado para alimentação animal na China teve queda de demanda por conta da perda de aproximadamente metade da produção de carne suína no país.

Já na Argentina, nosso maior importador de soja no Mercosul, a queda da demanda foi por causa da crise econômica vivida no país.

Por  mais que os pecuaristas tenham ficado animados com a alta do preço da carne e o maior número de exportações, a venda de carne de frango, boi e porco para outros países teve crescimento de apenas R$  1,9 bilhão, valor que não chega nem a metade do que foi a perda de valor de exportações da soja, até porque também houve queda no preço do grão.

O ministério comandado por Paulo Guedes acredita que, para 2020, o mercado de carnes deve seguir aquecido e com bons preços. O governo também acredita que a soja deva se recuperar, já que a China teve grande parte nesse resultado negativo e será ela que pode contribuir para que os números melhorem.

Em entrevista coletiva, o secretário Lucas Ferraz avaliou que o Brasil não enfrenta problemas estruturais no comércio exterior. Ele chegou a apresentar gráficos mostrando que, excluída a queda de exportação da soja e de outro produtos manufaturados pra Argentina, o Brasil teria seguido o crescimento alcançado em 2018, até porque outros produtos do agronegócio como café, algodão e milho tiveram aumento nas exportações.

Só o milho, por exemplo, apresentou alta de R$ 3,4 bilhões nas vendas em relação ao ano de 2018. Para os próximos anos, a equipe econômica avisa que não haverá crescimento estrondoso nas exportações, isso porque o próprio comércio internacional está desacelerado.

“O resultado de 2019 não é positivo ou algo que esperaríamos obter no longo prazo, mas certamente é um resultado que nos coloca um alerta no sentido de percebermos o que de fato acontece com a balança comercial brasileira. O quanto disso é fruto de questões internas ou de um comércio internacional, que vem perdendo dinamismo desde o início dos anos 2.000 e, eventualmente, por causa da contribuição de choques negativos de curto prazo, como o caso da Argentina e a questão da soja vendida para  China”, falou.

A equipe do governo adiantou que não vai passar uma projeção de comércio exterior para o ano de 2020. O ministério vai esperar passar três meses do ano para analisar como está a situação internacional e interna. No entanto, já foi adiantado que vai haver mais demanda interna sobre as atividades econômicas e, com isso, as exportações podem ser mais estimuladas.

Para 2020, havendo um superávit da balança comercial, ele pode ser ainda menor do que foi apresentado em 2019.