O presidente Jair Bolsonaro não participará do Fórum Econômico Mundial, em Davos, na Suíça. O cancelamento da viagem foi anunciado nesta quarta-feira, 8, pelo porta-voz da Presidência da República, Otávio Rêgo Barros.
Para Ivan Wedekin, ex-secretário de Política Agrícola do Ministério da Agricultura, a participação era fundamental para reforçar a imagem do agronegócio brasileiro. “Quem garante emprego é o comércio. Não podemos enfrentar os problemas se escondendo”, conta.
Já o economista e comentarista Miguel Daoud diz que Bolsonaro faz bem ao não comparecer. “O risco é muito grande. O evento contará com uma segurança muito grande, por risco de atento. Há uma insatisfação muito grande com a economia do mundo. [Bolsonaro] Faz muito em ir para Índia e cuidar de outras coisas”, argumenta.
Além disso, segundo Daoud, o fórum é pouco produtivo em termos de comércio. “O presidente [Jair Bolsonaro] apoiou o presidente dos Estados Unidos [Donald Trump] e ele nem nos indicou à OMC e tentou tarifar nosso aço. Vamos lá fazer o quê?”.
Economia perdendo força
Os comentaristas analisaram a saída de capital estrangeiro. De acordo com Daoud, isso é um sintoma grave de que a economia pode desaquecer. “Há um conjunto de fatores que levaram a isso: o primeiro é a queda na taxa de juros. O Paulo Guedes [ministro da Economia] esperava que o dinheiro saísse da renda fixa e fosse para os investimento, mas ele saiu do país”, diz.
Daoud diz que Jair Bolsonaro sabe da situação e que ela precisa ser revertida. “A política brasileira precisa ter um objetivo único. A questão jurídica causa instabilidade. Ninguém vai colocar dinheiro em investimento de 15 anos sem saber se o terá de volta”, comenta.
Ivan Wedekin defende que o caminho para o crescimento sustentado do Brasil está nas privatizações e concessões. “É por aí que criamos as regras do jogo para investimento produtivo”.