Economia

Daoud: coronavírus mostrou que é preciso flexibilizar comércio de alimentos

O comentarista do Canal Rural fez uma crítica ao modelo atual de negócios que concentra a riqueza nas mãos de poucos grupos financeiros

Em videoconferência com ministros da agricultura dos países do G-20 para discutir o impacto do novo coronavírus sobre o setor, a ministra da Agricultura, Tereza Cristina, afirmou que no curto prazo, há comida suficiente para todos, mas é preciso trabalhar nos desafios de abastecimento mundial impostos pela doença.

Ela disse ainda que o Brasil é um parceiro confiável no fornecimento de alimentos e que tem demonstrado capacidade para suprir as necessidades de mais de um bilhão de pessoas em todo o mundo. De acordo com informações da pasta, a posição defendida pelo Brasil na reunião concordou com a de outros países, como Estados unidos, China, Alemanha e Emirados Árabes.

Nessa mesma reunião, a ministra brasileira alertou para a necessidade de se rever barreiras comerciais consideradas por ela como injustificáveis e que podem afetar o abastecimento de alguns países.

Sobre este assunto, o comentarista do Canal Rural, Miguel Daoud, disse estar de acordo com a postura da ministra. “Sabemos que mais de 2 bilhões de pessoas não têm renda para comer. Quando se fala em facilitar o fluxo comercial de alimentos, é preciso fazer antes uma mudança na relação comercial do mundo, porque nos últimos 25 anos a relação comercial foi se fechando, criando grandes conglomerados na mão de poucas pessoas. Os países foram cada vez mais se protegendo, principalmente na área alimentar, com a injeção pesada de subsídios”, disse.

Segundo ele, o coronavírus mostrou que é preciso modificar a maneira de se fazer negócios. “Como o país rico vai continuar rico se o pobre está cada vez mais pobre? Sendo que os ricos também dependem dos pobres e esse cenário está fazendo cair a ficha de líderes arrogantes de alguns grandes países e  vejo que para evoluirmos neste sentido é fundamental flexibilizar o comércio de alimentos para que as pessoas tenham acesso a comida”.