Canal Rural Play

'Demanda chinesa por soja não se sustenta só com oferta dos EUA'

Em entrevista ao Canal Rural, Flávio França Júnior falou sobre a importância do Brasil para suprir a demanda do mercado chinês

A semana no mercado da soja tem sido marcada com boatos de que a China iria diminuir a compra de soja brasileira possivelmente por problemas políticos ou até envolvendo epidemias. No entanto, especialista descartam essa hipótese e acreditam que os asiáticos precisam do produto brasileiro.

Em entrevista ao Rural Notícias nesta terça-feira, 7, o chefe do setor de grãos da Datagro, Flávio França Júnior, falou sobre a importância do Brasil para saciar o apetite chinês pelo produto. “Essas rusgas políticas são problemas de fácil solução. A verdade é que a China precisa muito da soja brasileira e o Brasil precisa vender a soja e outros produtos. Não vejo como haver um rompimento entre os dois países, com a China abandonando o mercado brasileiro para comprar a soja dos EUA”, contou.

Segundo ele, existe uma relação comercial entre China e EUA, consolidada pela fase 1 do acordo comercial. Desta maneira, a china vai ter que honrar com a sua parte e comprar mais soja dos EUA em comparação com o que foi feito nos anos anteriores.

Mesmo que as relações se deteriorem ainda mais, na visão do analista, é impossível a soja norte-americana atender toda a demanda chinesa, principalmente após a passagem da crise da Covid-19 e da peste suína africana.

De olho no futuro

Sobre este assunto, o comentarista Miguel Daoud avaliou que o Brasil precisa se posicionar melhor e valorizar a parceria comercial que tem com a China. “Eu respeito a análise técnica, mas ela não olha o futuro da economia. Após essa crise, a gente prevê uma queda na economia mundial que causa um efeito e cadeia em todos os segmentos produtivos, com a China querendo pagar menos, o que seria muito ruim para o Brasil já afundado em uma crise”, avaliou.

Para Daoud, o ministro da Educação errou ao criticar os chineses e gerar um problema na relação entre os dois países. “Pode não prejudicar a soja, mas pode prejudicar outros produtos agrícolas onde existem mais países competitivos”, falou.